O ex-presidente Lula participou nesta quarta, 27, da primeira sabatina após o anúncio oficial de sua candidatura à Presidência da República. No Uol, o petista se saiu bem em temas delicados, mas cometeu alguns deslizes.
Lula acertou ao dizer que escolherá ministros baseados em um perfil político e não apenas técnico. “Quem tem que dirigir é a política. Todos os meus ministros vão ter que ter cabeça política boa. Ele monta a equipe com os melhores técnicos”, afirmou.
Outro ponto positivo da sabatina foi o momento em que o petista enfatizou que vai retomar programas como o PAC, o Minha Casa Minha Vida e o Bolsa Família. Em relação ao Bolsa Família, o mais importante dos programas, o ex-presidente disse que pretende manter os R$ 600 pagos atualmente no Auxílio Brasil.
Lula também foi firme ao garantir que vai participar de debates com qualquer pessoa e criticou o presidente Jair Bolsonaro por não confirmar participação nos eventos.
“O que Bolsonaro está pensando: só vou em segundo turno. Se puder, lembra ele que pode não ter segundo turno”, disse, confiante, o líder das pesquisas de intenção de votos.
O ex-presidente, inclusive, não poupou críticas ao seu principal adversário, mas disse que não acredita em um golpe e ressaltou a importância das Forças Armadas.
Lula criticou de forma dura o ataque de Bolsonaro às urnas eletrônicas e ressaltou a importância da democracia. “Democracia é a única forma política de garantir liberdade. Não se pode permitir que mentira causada por um bronco, que todo dia conta seis ou sete mentiras em lives, tenha força nesse país”, destacou.
Apesar dos acertos, o ex-presidente cometeu deslizes em temas importantes.
Ao falar sobre a lista tríplice usada tradicionalmente para escolha do chefe do Ministério Público, Lula não se comprometeu a escolher alguém da lista em um novo governo, embora tenha respeitado o formato preferido pelos procuradores em suas gestões anteriores.
Bolsonaro foi o primeiro presidente em muitos anos a escolher um Procurador-Geral fora da lista, com a escolha de Augusto Aras. Lula deveria ter deixado claro que vai respeitar a tradição, até como forma de mostrar que não vai seguir a mesma linha do atual presidente.
O ex-presidente também repetiu declarações polêmicas sobre a Petrobras e o teto de gastos.
Ele voltou a dizer que vai mexer na Petrobras. A intervenção na empresa é perigosa e pode trazer muitos prejuízos ao país. Outro erro foi dizer que o Brasil não precisa de teto de gastos. Enquanto Bolsonaro fez uma manobra para gastar além do teto em um ano eleitoral, Lula deveria reforçar a importância do limite nos gastos públicos, no formato já conhecido pelos brasileiros.
Lula também errou no final da sabatina, quando participou do chamado “pinga-fogo”. O petista afirmou que Bolsonaro e Temer foram equívocos do país – sendo o atual presidente um erro “duplo” – disse que Ciro Gomes “poderia ser melhor”, que Dilma foi injustiçada e elogiou Tancredo e Sarney.
Ao ser questionado sobre si mesmo, respondeu – para a surpresa dos entrevistados – “não sei”. Se a intenção era mostrar humildade, era melhor que o ex-presidente tivesse dito algo como “sou mais um brasileiro”. Dizer que não sabe o que falar de si mesmo foi um deslize que, definitivamente, não precisava acontecer.
De forma geral, Lula saiu-se bem, mas precisa ajustar alguns discursos se não quiser correr riscos… E manter a vantagem sobre seus adversários até 2 de outubro.