Não há o que o governo possa fazer para apagar a marca da politização da nomeação do ministro Paulo Pimenta como representante do governo federal no Rio Grande do Sul.
Nada contra o ministro, mas o fato de ele ser um potencial candidato ao Palácio de Piratini contamina todos os seus atos.
O governo federal diz que ele será apenas o articulador com todos os prefeitos e o governo estadual. Aí é que está a questão: a articulação com prefeituras, em ano eleitoral municipal, sempre foi a melhor forma de preparar uma candidatura ao governo do estado.
Como resposta, a extrema-direita tentou recuperar terreno. O ex-presidente Jair Bolsonaro enviou os dois filhos Carlos e Eduardo para o Rio Grande do Sul e de lá eles têm feito postagens nas suas redes querendo passar a imagem de solidariedade. Isso, dezenove dias depois do evento que devastou o Rio Grande do Sul.
Não há o que o bolsonarismo faça, e que possa apagar da lembrança de quem não tem amnésia seletiva, o que eles fizeram – ou não fizeram – na pandemia da Covid-19. O desprezo, o estímulo ao desrespeito às medidas de proteção da vida, a demora da compra da vacina, o então presidente em live imitando uma pessoa sem ar, o “e daí?” dele para as mortes, a sistemática negação da ciência, tudo isso é difícil de apagar. E tem ainda a maneira como o ex-presidente agia nas tragédias. Se fosse em um estado de governador amigo, ele oferecia solidariedade. Se fosse estado de governador inimigo ele punia a população com a indiferença oficial.
Por isso, a extrema-direita tem achado mais eficiente o ataque de fake news em relação à inundação e a resposta que o governo Lula deu, em que ofereceu ajuda de fato. Só que a politização de Lula abriu um flanco desnecessário. E é essa fresta que a oposição tentará explorar.