Policiais científicos de todo o país e especialistas estrangeiros querem contribuir para mudar a visão, já falida, de que a repressão, sozinha, resolve o problema da criminalidade. A iniciativa ocorre também depois do fim do período de negação da ciência que vigorou no Brasil durante o governo de Jair Bolsonaro.
Eles estarão reunidos na InterForensics (Conferência Internacional de Ciências Forenses), que chega a sua quarta edição, que ocorrerá de 28 a 31 de agosto em Brasília, para discutir políticas que unam ciência e segurança. O propósito é discutir soluções para a segurança pública brasileira, colocando em prática a compreensão de que a ciência e a inteligência são os elementos centrais do combate à criminalidade.
“Não há outro caminho: a mudança de foco e o uso de novas tecnologias, aliados à pesquisa e a projetos científicos, contribuiriam para solucionar mais crimes e também para preveni-los”, afirma Hélio Buchmüller, perito criminal da Polícia Federal e diretor-geral da Fundação Justiça Pela Ciência, organizadora da conferência. A Polícia Federal e a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) são apoiadoras do evento.
A Interforensics terá convidados brasileiros e estrangeiros para falar sobre o trabalho das perícias criminais e polícias científicas do Brasil e do mundo. Entre os mais de 200 palestrantes e convidados, estão o ministro da Justiça, Flávio Dino, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos.
Nas últimas edições, o evento atraiu um público médio de 2 mil pessoas. A primeira edição, em 2017, foi em Brasília. As seguintes foram em São Paulo, em 2019, e em Foz do Iguaçu, em 2021. “Temos recebido não apenas peritos criminais, como também pessoas do mundo acadêmico, de diversas áreas, e diversas carreiras jurídicas”, explica Buchmüller.