A revelação de uma conversa entre o ex-ministro Milton Ribeiro e um familiar coloca o presidente Jair Bolsonaro no centro da investigação envolvendo suspeitas de corrupção no Ministério da Educação.
Em uma conversa interceptada pela Polícia Federal, Milton Ribeiro insinua que Bolsonaro avisou sobre uma busca e apreensão que poderia acontecer em sua casa. O pastor foi preso e solto nesta semana.
“Não! Não é isso… ele acha que vão fazer uma busca e apreensão… em casa… sabe… é… é muito triste. Bom! Isso pode acontecer, né? Se houver indícios, né?”, afirmou o ex-ministro.
Se o Supremo Tribunal Federal (STF) chegar à conclusão de que o presidente interferiu no caso, a história pode se tornar a pá de cal que falta para enterrar de vez as chances de reeleição.
Basta lembrar quanto tempo durou a repercussão de uma acusação semelhante de Sergio Moro, em 2020. Agora, a 100 dias da eleição, seria gravíssimo.
Bolsonaro já mostrou que é um presidente intervencionista. Sob seu comando, o Coaf deixou de existir, a Polícia Federal convive com movimentações constantes em cargos de liderança e a Procuradoria-Geral da República é chefiada por um membro escolhido fora da lista tríplice, por escolha pessoal do presidente.
Além de interferir em órgãos de controle, Bolsonaro também tenta ferir em estatais. A Petrobras é o alvo mais recente do presidente. Ele interviu repetidamente na liderança da empresa para mexer no preço dos combustíveis – até agora, sem sucesso.
Confirmando-se que Bolsonaro interferiu numa investigação da PF, envolvendo um ex-subordinado direto, a tempestade perfeita estará formada de uma vez por todas.
Neste momento, seus aliados estão, inevitavelmente, em clima de tensão com os próximos passos dessa história. E também com impacto político que isso deve causar nas já remotas chances – diga-se novamente – de ele renovar o mandato.