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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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O que o atentado a Trump revela sobre a violência na América

... ou sobre o messianismo na era da memecracia

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 17 jul 2024, 11h13 - Publicado em 17 jul 2024, 09h51
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  • As incontáveis teorias da conspiração ora questionam o atentado a Donald Trump, ora lhe dão explicações estapafúrdias, afinal, transmitidas em tempo real, as imagens revelam os disparos, o mergulho no chão, o susto da plateia e, ato contínuo, a emersão triunfante do republicano no centro dos agentes secretos, com olhar altivo, punho cerrado e palavras de ordem. Na era da memecracia, registrou-se a figura de um messias redivivo.

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    Quem acompanha os comícios de Donald Trump acostumou-se com a simulação de um ritual cristão, que termina com uma preleção solene, em feitio de oração, acompanhada dos murmúrios e das mãos erguidas dos presentes, à semelhança de um culto religioso. Como um líder espiritual, o ex-presidente tenta mostrar-se incumbido de uma missão divina.

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    Nesse messianismo contemporâneo, que pontifica pelo memes, os sons de tiro (viral já no nascedouro) fez girar a produção narrativa – e a imagem de Trump com a orelha ferida reproduziu-se à exaustão instantaneamente: os estampidos como trombeta, o sangue na face como sinal do sagrado.

    No Brasil, fenômeno correlato se processou quando Jair Bolsonaro deparou-se com Adélio Bispo. Então, somou-se ao discurso religioso – “Deus acima de tudo” – uma prova material, isto é, a conversão do capitão reformado no próprio cordeiro imolado: aquele que venceu o sacrifício da morte e eis ressuscitado.

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    Diante de histórias tão similares, aquém e além do equador, assombra-nos a seguinte dúvida: terá o acaso uma capacidade incrível de fabricar coincidências extraordinárias ou pregações parecidas tendem a gerar reações equivalentes?

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    Em seus governos, Trump e Bolsonaro adotaram medidas que facilitaram o armamento da população. O norte-americano, além de receber doações da Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês), sancionou, em 2018, a lei que permitiu a venda de armas para pessoas com transtornos mentais. Daí para o desfecho na Pensilvânia foi um pulo (ou um tiro).

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    Bolsonaro, de seu turno, menos de uma semana antes da facada em Juiz de Fora, em um comício no Acre, havia conclamado o público a “fuzilar a petralhada”, provando que nem sempre são controláveis as relações de causa e efeito.

    Se é verdade, como escreveu Fernando Pessoa, que “supor o que dirá a tua boca velada é ouvi-lo já”, o que não serão capazes de fazer aqueles que estão ávidos para executar as ordens do messias – as quais captam, de maneira distorcida, por intermédio de memes?

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    Trump e Bolsonaro, malgrado as diferenças de carreira, chegaram aos cargos máximos de seus países em movimentos idênticos: saltaram das mídias, onde interpretavam papéis de bobos da corte (nomenclatura que esconde o real potencial da atividade), para as presidências das Repúblicas. E, nessa trajetória do circo à política, precisaram adotar o mesmo expediente: disfarçar o palhaço de messias, armá-lo de memes e ladeá-lo de armas.

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