O anúncio do fim da emergência para a Covid-19, feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é um dos fatos importantíssimos da semana. E é impossível não lembrar do abominável comportamento de Jair Bolsonaro na pandemia, ainda mais agora com a revelação da fraude no seu cartão de vacinas.
O Brasil teve 10% da mortes mundiais causadas pelo vírus. A carga no país foi pesada demais.
O peso piorou muito com um presidente da República inconsequente, incapaz de demonstrar compaixão pelas famílias brasileiras enlutadas ou de acreditar na ciência como forma de enfrentamento da pior epidemia dos últimos 100 anos.
Agora, justamente nesta semana em que o mundo pode finalmente sentir o alívio com o fim da emergência de uma calamidade pública, o Brasil é o único país a descobrir que seis auxiliares e aliados do ex-presidente foram presos por fraudar um documento público relacionado justamente ao político e ao vírus mais mortal da história.
A verdade é que Bolsonaro nos colocou em um pesadelo que, aparentemente, nunca terminará. Um pesadelo inconsequente, imoral e, se pensarmos de forma lógica, totalmente desnecessário.
Outros líderes conservadores e de direita como Boris Johnson – ou até mesmo Donald Trump – se vacinaram, se mostraram contritos e moldaram o comportamento diante da gravidade da pandemia.
Contudo, somente agora o líder da extrema direita nacional chorou – isso após os mais de 700.000 mortos pela Covid-19. Mas porque a Polícia Federal, ao entrar em sua casa com razão e na legalidade, fez uma cópia do cartão de vacinas de Michelle, a ex-primeira-dama.
Isso é parte da estratégia política de Bolsonaro de se vitimizar em meio a mais um escândalo que o cerca. Ocorre que a única vítima mesmo é o povo brasileiro.
Como mostrou VEJA, a decisão da OMS passa pelo fato de incluir a vacinação contra a Covid-19 nos programas de imunização ao longo da vida. Ainda bem que o ex-presidente saiu do poder, ou esse seria mais um problema nacional.
Que o país alcance a sabedoria de nunca mais colocar um extremista no posto mais importante da República. Ou estaremos fadados a passar parte da nossa vida sendo o único país a viver determinados absurdos.