A nova troca na presidência da Petrobras nesta segunda, 23, mostra – mais uma vez – que Jair Bolsonaro não tem um projeto de país. Ele tem um projeto de poder pessoal e já demonstrou isso em outros momentos, mas o que está acontecendo na Petrobras traz uma clareza enorme sobre os objetivos do presidente, que quer se perpetuar no poder.
Se Bolsonaro tivesse um projeto de país, não estaria vilipendiando o valor da Petrobras com essa troca excessiva de presidentes da empresa. Enquanto ele tenta colocar em prática suas propostas pessoais, a empresa vai perdendo valor de mercado.
A troca desta segunda, 23, por exemplo, fez as ações da Petrobras despencarem na bolsa de Nova York. Movimento parecido aconteceu no ano passado, quando Bolsonaro fez outra mudança na liderança da empresa. Cada alteração deixa o mercado apreensivo e a instabilidade aumenta.
Caio Mário Paes de Andrade será o quarto presidente da estatal durante o atual governo. Antes dele, tentaram liderar a empresa José Mauro Ferreira Coelho, que ficou apenas 40 dias no cargo, Roberto Castello Branco e Joaquim Silva e Luna.
As constantes trocas na presidência da Petrobras vão levando as pessoas a acreditar que o governo vá fazer uma ingerência política na estatal do petróleo. É incoerente que um governo que se elegeu com a bandeira “liberal” esteja, agora, tentando intervir na Petrobras com medo das eleições. Bolsonaro mexe na presidência da empresa porque está com medo da impopularidade que vem com a inflação alta e com o aumento no preço dos combustíveis.
O curioso é que um dos líderes que interferiu nas instituições por um projeto de poder foi Hugo Chávez, a quem Bolsonaro tanto critica. Na Venezuela, Chávez fez de tudo para ver suas ideias sendo obedecidas.
Atacou a Justiça Eleitoral (vejam que coincidência!), que por lá chama Conselho Nacional Eleitoral, mudando a composição e as regras da corte, e saqueou a PDVSA, que era uma das maiores estatais de petróleo do mundo. Acabou por a transformar numa empresa quebrada, usando a estatal para subsidiar combustíveis e fazê-los mais baratos.
Por aqui, o presidente tenta, a todo custo, encontrar alguém que faça o trabalho sujo de parar a Petrobras para que seus planos políticos sejam cumpridos.