O sumiço do presidente Jair Bolsonaro já dura 18 dias e, nesta quinta, 17, coube a outro general tentar explicar o paradeiro dele.
Depois de o vice-presidente, general Hamilton Mourão, responder de forma irônica sobre o estado de saúde de Bolsonaro, foi a vez de o general Braga Netto, o escolhido para ser candidato a vice-presidente na chapa derrotada na eleição, falar sobre o presidente.
Em uma conversa rápida com apoiadores enquanto entrava em seu carro, Braga Netto disse que o presidente “deve voltar logo, já recuperou da infecção, está tudo bem”. Questionado se já há uma data para o retorno, o general apenas sentenciou que não há data.
Independente da situação de saúde que esteja vivendo, Bolsonaro deveria ter tido o mínimo de consideração pelos brasileiros e esclarecido sobre sua condição por conta própria. Vivia fazendo lives, conversas de cercadinho e abrindo a boca para soltar as mais abjetas declarações.
Agora, em vez disso, usa interlocutores para dar notícias que, no fundo, não esclarecem nada.
A reclusão do presidente é mais uma prova da falta de compostura com a democracia. “Preso” no Palácio do Alvorada, Bolsonaro deixou de participar de eventos oficiais e não aparece nem mesmo nas redes sociais, onde era presença constante enquanto estava em campanha.
Desde que perdeu a eleição para Lula, só esteve no Palácio do Planalto duas vezes. Uma delas foi o encontro com o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, ocasião na qual não deu os parabéns para o vencedor da eleição.
Bolsonaro poderia estar escrevendo uma história diferente.
Mesmo com a derrota, deveria estar se comportando como o Presidente da República, cargo que ocupa até 31 de dezembro. Como nunca teve respeito pelo cargo, prefere demonstrar que não sabe aceitar a derrota e deixa o país novamente acéfalo, agora na reta final de seu mandato.
Por um lado, pode ser bom. Assim, não aumenta a chamada herança maldita que qualquer pessoa com bom senso sabe que ele deixará para Lula.