A CBF vai precisar correr contra o tempo se quiser dar à seleção uma chance de disputar os Jogos Olímpicos deste ano.
Isso porque as inscrições dos atletas convocados para o torneio classificatório terminam nesta sexta-feira, 5, e, com a intervenção em curso na entidade, nenhum dos atuais dirigentes possui as credenciais da Conmebol e da FIFA para assinar o registro dos jogadores.
O Pré-Olímpico começa dia 20 de janeiro e é a única chance que os sul-americanos têm de ir para Paris. A seleção brasileira masculina é a atual bicampeã.
Desde 7 de dezembro, a confederação é comandada por um interventor, José Perdiz, nomeado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro após uma decisão que anulou as últimas eleições da entidade e afastou o então presidente, Ednaldo Rodrigues, e os vices.
Uma semana depois, Perdiz pediu que a Justiça carioca estendesse o afastamento à diretoria. O interventor conseguiu o que quis, mas perdeu o único laço que mantinha com a FIFA e a Conmebol.
Na decisão de 15 de dezembro, o TJRJ afirma que o acórdão “é claro em reconhecer a nulidade do TAC (firmado com o Ministério Público, e que foi anulado pelo TJ), não mais subsistindo a antiga diretoria”.
Em seguidas correspondências enviadas à CBF, as entidades internacionais avisaram que não reconheciam o comando de Perdiz e que, pelo regulamento da própria CBF, o diretor de Governança e Compliance, Hélio Menezes, é que devia assumir a presidência interina.
A Conmebol exige que a inscrição dos atletas seja assinada pelo presidente, pelo secretário-geral ou pelo coordenador de seleções.
Como a entidade não reconhece o atual presidente e o secretário-geral e a CBF não tem um coordenador de seleções, o único apto a assinar o registro e colocar o Brasil no rumo de Paris seria Hélio – se ele estivesse na presidência. Fora do quadro da CBF, no entanto, ele está de mãos atadas.
PGR e AGU
Na tarde desta quinta-feira, 4, a Procuradoria-Geral da República e a Advocacia-Geral da União emitiram pareceres favoráveis a uma liminar da Suprema Corte pela volta de Ednaldo Rodrigues à presidência.
Um dos argumentos do procurador-geral, Paulo Gonet, foi de que o afastamento do dirigente pode deixar a seleção brasileira fora de torneios, a exemplo dos Jogos Olímpicos. Segundo o PGR, há “risco concreto e iminente” de recusa da inscrição dos atletas, caso seja assinada por Perdiz.