Ao menos nesse início de governo, Lula tem sido mais incisivo em relação aos crimes cometidos na ditadura do que em seus dois outros mandatos.
Indignado por conta dos ataques de seguidores da extrema-direita contra a sede dos Três Poderes, o presidente foi duro e lembrou, em mais de uma ocasião, crimes cometidos pelo Estado contra brasileiros.
E por que Lula acertou ao ligar os dois momentos da História? Porque foi o mesmo grupo ideológico que ceifou a democracia no país durante o regime – por sombrios 21 anos.
Na época, Exército, Marinha e Aeronáutica usaram prédios públicos para prender, torturar e matar civis – incluindo mulheres grávidas – com um sadismo e covardias jamais vistas no país, a não ser na escravidão.
No caso da atuação da nova extrema-direita foram brasileiros que cometeram crimes contra o Estado e prédios públicos – impulsionados pelo radicalismo nojento de Jair Bolsonaro, o amante número 1 da ditadura no Brasil.
Sim, nojenta é a palavra!
Como cunhou Ulysses Guimarães ao promulgar a Constituição, “temos ódio, ódio e nojo à ditadura”.
Para os mais jovens, é preciso lembrar que Bolsonaro já fez de tudo, até chacota de mortos pelo regime. O ex-presidente disse que “quem gosta de osso é cachorro” quando escavavam em busca de desaparecidos pelo regime na Guerrilha do Araguaia.
Mas não foi só essa vez. Bolsonaro fez chacota de mulheres grávidas, idolatrou torturador de vários brasileiros – Carlos Alberto Brilhante Ustra – e cuspiu no busto do ex-deputado Rubens Paiva, morto pelo regime, na frente de seus netos.
Nada – nenhum valor universal – o fez parar. Ao contrário. Ele aumentou a carga durante o seu mandato presidencial, usando o Palácio do Planalto como catapulta de absurdos.
É nesse contexto que entra a Lei da Anistia, uma excrescência jurídica – avalizada pelo Supremo Tribunal Federal após a redemocratização – que autorizou torturadores brasileiros a nunca pagarem por seus crimes.
Foi um vergonhoso erro da mais alta corte do país. Talvez o maior. Dele, nasceu o bolsonarismo, o mesmo que destruiu as sedes dos Três Poderes.
A questão que fica é: e agora?
Não se deve anistiar ninguém. O melhor mesmo seria inclusive corrigir o erro do passado, de anistiar militar torturador. Para bem do Brasil e dos nossos filhos, que ainda poderão ver o ato 3 da extrema-direita contra a democracia.
Os dois anteriores foram os anos de Chumbo e os anos de Bolsonaro…