O caso do ex-deputado que não paga dívida e decide cobrar o credor
Após perder na esfera cível, Maurício Picarelli move ação penal contra empresário em MS. Defesa diz que processo busca evitar pagamento de dívida
Será julgado na próxima segunda-feira, 18, o caso do ex-deputado estadual e candidato derrotado a vereador de Campo Grande (MS), Maurício Picarelli. Em 2017, ele acusou o empresário local Celso Éder Gonzaga de Araújode estelionato alegando ter sido enganado em um suposto investimento. Segundo o ex-deputado, ele chegou a entregar quatro cheques como garantia de sua participação em uma transação financeira com a promessa de lucros altos, mas que não obteve retorno.
Para a Justiça cível, os documentos e comprovantes apresentados pela defesa do empresário mostram que foi efetuado um empréstimo de quase R$ 1 milhão ao ex-deputado, que não quitou a dívida. Em 2018, o empresário recorreu ao Judiciário para cobrar o pagamento e o ex-deputado foi condenado por não pagar o valor devido. De acordo com Suzana Camargo, advogada de Araújo, os cheques foram entregues por Picarelli como garantia depagamento do empréstimo efetuado, mas voltaram sem fundo. Em outubro deste ano, a Justiça mandou bloquear os bens do ex-deputado para que o valor não pago do empréstimo seja repassado ao empresário.
Mesmo condenado na esfera cível pela dívida, com decisão transitada em julgado, Picarelli iniciou um processo criminal acusando Araújo de estelionato. O Ministério Público Estadual acolheu a denúncia e promoveu a ação penal contra Celso Éder Gonzaga de Araújo.
Para a defesa de Araújo, o ex-deputado está utilizando as instituições públicas para se eximir de dívida contraída e que já foi condenado a pagar. Com isso, comete crimes como denunciação caluniosa, estelionato e fraude processual. Maurício Picarelli não respondeu os contatos da reportagem.
Ouro de Ofir
Araújo chegou a ser alvo da Operação Ouro de Ofir, da Polícia Federal, em 2017, por suposto estelionato. A ação segue na Justiça estadual e o empresário tenta provar sua inocência sob o argumento de falta de provas e de vítimas. Durante a Operação, a PF chegou a falar em 25 mil pessoas lesadas pelo empresário, mas somente uma representou contra Araújo.
De acordo com a defesa do empresário, Picarelli aproveitou a situação para se isentar do pagamento devido, tentando vincular o empréstimo feito à Operação, mesmo sem haver qualquer relação entre os fatos.