A estocada do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, no presidente Lula – feita de forma muito bem planejada durante a manifestação convocada por Jair Bolsonaro – incomodou a cúpula do governo petista.
Na verdade, acendeu um alerta, segundo apurou a coluna.
Tarcísio, que está construindo importante interlocução com a atual gestão, foi colocado numa posição de destaque no evento do líder da extrema-direita no último domingo, 25.
Até aí, o script era conhecido e não surpreendeu o PT – ou cúpula palaciana lulista – em nada.
Ocorre que, ao pegar o microfone no evento, o governador de São Paulo aproveitou para dar uma importante indireta no presidente Lula, que, na semana passada, comparou os crimes de guerra de Israel em Gaza ao Holocausto.
Tarcísio falava no carro de som quando, de forma estratégica, afirmou, olhando Bolsonaro: “[Esse é] um presidente que sempre respeitou Israel e a luta de seu povo”.
É uma clara crítica a Lula, que foi descuidado em relação a um tema sensível, inclusive para a política doméstica, embebida em uma enorme polarização forte nos últimos anos.
Como mostrou a coluna na semana passada, a declaração do atual presidente foi usada como combustível para o ato em prol de Bolsonaro, mudando a estratégia do evento político direitista.
Comandada por líderes evangélicos que idolatram Israel – e para quem Lula é agora “persona non grata” -, a manifestação ganhou “novos ares” com o empurrão do presidente petista.
Em meio a todo esse contexto, o governador de São Paulo aproveitou ainda para defender o legado da gestão anterior, numa clara sinalização de que, a depender dos ventos da política, será ele mesmo – Tarcísio – o sucessor de Bolsonaro.
Alias, nas palavras de um experiente cacique de Brasília, e que consegue conversar com os dois maiores espectros políticos brasileiros, “Lula deu a munição, Bolsonaro engatilhou a arma e Tarcísio atirou…”