O último levantamento do Datafolha com a intenção de voto para presidente entre os eleitores de São Paulo mostra Lula na liderança da corrida com 43% dos votos contra 30% de Jair Bolsonaro. Apesar de estar vencendo, o petista tem também problemas que precisa levar em conta se quiser se manter no topo da disputa até outubro.
O primeiro ponto de atenção de Lula em São Paulo é a distância entre ele e Bolsonaro nas intenções de voto. Enquanto na pesquisa nacional a distância entre Lula e Bolsonaro é de cerca de 19 pontos percentuais, em São Paulo a distância é de 13 pontos. Isso mostra menor poder de voto do petista entre os paulistas em relação ao atual presidente.
Outro problema que Lula enfrenta no estado é a rejeição dos eleitores a qualquer candidato que ele ou que seu vice, o ex-governador paulista Geraldo Alckmin, apoiem. Embora Bolsonaro seja o padrinho político que atrai mais rejeição, a situação de Lula e Alckmin também não é considerada boa.
Em abril, 46% dos entrevistados afirmaram que não votariam de jeito nenhum em um candidato apoiado por Lula. Em junho, esse índice cresceu para 51%. Em relação a Alckmin, a notícia também é ruim: em abril, 50% das pessoas rejeitavam qualquer nome apoiado pelo ex-governador. Em junho, esse número cresceu para 53%.
Diante desses números, Lula precisa analisar bem como vai tratar seu candidato a vice-presidente entre os paulistas. Alckmin já governou o estado quatro vezes, mas não tem uma boa aceitação entre os eleitores. Será que o petista vai “esconder” Alckmin durante a campanha em São Paulo para tentar conquistar mais votos?
Um exemplo dessa estratégia de “esconder” aliados tem sido feita pelo tucano Rodrigo Garcia. O atual governador de São Paulo aparece em quarto lugar nas pesquisas, com 10% das intenções de voto, mas esconde que tem João Doria como seu companheiro de partido para evitar um aumento da rejeição.
Mesmo que Bolsonaro seja um péssimo padrinho político na análise do Datafolha, seu candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tem tido um bom desempenho e tem rejeição de apenas 16%. O candidato do PT, Fernando Haddad, é rejeitado por 35% dos eleitores. Lula também precisa analisar com cuidado esses dados quando for subir no palanque com Haddad e com Alckmin.
Como a coluna mostrou, cientistas políticos analisam as pesquisas de forma diferenciada. Os partidos também precisam analisar esses números de forma minuciosa para se antecipar. É hora de Lula avaliar os índices se quiser manter a liderança de forma tranquila nessa disputa. Não há nada garantido – a exatos 90 dias da eleição – e cada voto ou rejeição pode fazer a diferença no final.