As interdições de rodovias em todo o país após a derrota do presidente Jair Bolsonaro na eleição são mais um fato gravíssimo. Mostram desobediência do comando da PRF às leis e comprovam o quanto a sociedade está esgarçada após os radicalismos do atual governo. A crise vivida hoje representa uma tentativa de fazer uma espécie de “capitólio brasileiro”, mas o país está reagindo imediatamente.
Prova disso é a atuação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e de governadores de todo o Brasil ordenando o desbloqueio das vias e o fim das manifestações.
Nesta terça, 1º, Moraes decidiu que as polícias militares poderão atuar na desobstrução de rodovias bloqueadas. Um dia antes, o ministro já havia determinado a adoção de todas as medidas necessárias para o fim dos protestos e estabeleceu que o descumprimento pode gerar multa, afastamento e até a prisão do diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques. Essa medida foi respaldada pela maioria do STF.
Nesse momento, além do desrespeito à democracia e aos seus próprios eleitores, o silêncio de Bolsonaro alimenta a ação radical dos manifestantes.
Faltando dois meses para deixar o cargo, ele deveria finalmente se comportar como um presidente da República, vir a público e desestimular os protestos que podem colocar o Brasil em uma situação de caos.
Essa expectativa, no entanto, é irreal se considerados os últimos anos de governo de Bolsonaro. O presidente nunca governou para todo o país.
Ele sempre fez questão de governar apenas para aqueles que concordam com suas ideias radicais. Foi ele que levantou as suspeitas sobre o processo eleitoral e sobre as urnas eletrônicas que agora alimentam os manifestantes radicais que tentam parar o país.
A tentativa de capitólio brasileiro já nasceu fracassada e certamente não vai prosperar, mas milhares de brasileiros já estão sendo prejudicados nas estradas e o país está sob o risco de desabastecimento que vai piorar a situação certamente.
Entre os manifestantes, o pedido de intervenção militar só confirma o perigo que o bolsonarismo representa. O objetivo dos radicais é criar um tumulto tal que o governo decrete uma GLO (Garantia da Lei e Ordem). Isso permitiria a ação das Forças Armadas. A ação rápida de Moraes, contudo, e de autoridades em todo o Brasil está abortando esse delírio golpista.
Mais do que nunca, fica evidente o risco pelo qual o Brasil passou. Ainda na expectativa de um pronunciamento do presidente, os brasileiros acompanham assustados a falta de respeito daqueles que não aceitam perder dentro de uma democracia.