
Nas últimas 24 horas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva introduziu mais um ponto de incerteza na tão falada transição no Banco Central… ao afirmar que ainda não foi decidido quem será o novo presidente.
No mercado financeiro, e na economia em geral, a nomeação de Gabriel Galípolo vem sendo tratada como favas contadas. É por isso que Lula, ao dizer que o nome ainda não foi decidido, levanta de novo a onda de especulação sobre quem será o escolhido.
O presidente declarou também que a decisão será tomada em conjunto com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Essa incerteza que se reabre agora pode ser positiva, pois mostra que a escolha será bem pensada e consensual com o Ministério da Fazenda. Ao mencionar a discussão com Haddad, Lula reforça a importância de uma decisão conjunta e cuidadosa.
Especula-se que o anúncio oficial do novo presidente do Banco Central ocorrerá em agosto. Essa antecipação, ao contrário do que parece, não representa novo conflito com o atual presidente, Roberto Campos Neto.
Foi ele mesmo que sugeriu a antecipação do anúncio pelo fato de ser ano eleitoral, com menos frequência ao Congresso, mas com a necessidade de sabatina no Senado.
Campos Neto foi o primeiro a levantar essa ideia, quando ele ainda sonhava com uma transição suave. Os últimos conflitos tornaram essa possibilidade mais remota.
Lula tem reiterado que o novo presidente do Banco Central deve entender o interesse do Brasil. Pois é, se for assim, terá que perseguir a inflação baixa, que é sempre o melhor para o país.
Mas Lula parece estar pensando em juros mais baixos. Eles estão altos mesmo, mas só podem cair se não for por intervenção política. Porque isso geraria o efeito contrário.
O novo presidente precisa seguir o mandato de presidente do BC que é levar a inflação para a meta. Portanto, a dúvida sobre quem será o novo presidente do Banco Central não é necessariamente prejudicial para Gabriel Galípolo.
Se ele acabar confirmado, como apurou a coluna, mostrará que a decisão não foi um jogo de carta marcada. Foi bem pensada e respaldada por um consenso entre Lula e Haddad, o que é positivo para a estabilidade econômica do país.