A vontade de colocar Jair Bolsonaro para fora do Palácio do Planalto une esquerda, partidos de centro e até políticos da direita. Chamado de ogro a genocida, o presidente conseguiu unir lados opostos num documento contra sua permanência no poder.
Nesta quarta, 30, foi apresentado um “superpedido” de impeachment na Câmara dos Deputados assinado por 46 signatários. Entre os que defendem a saída de Bolsonaro, estão Joice Hasselman (PSL-SP), ex-líder do governo Bolsonaro, e Kim Kataguiri (DEM-SP). Além deles, figuras e partidos já explicitamente contrários à atual gestão, como Gleisi Hoffmann, Alessandro Molon, Partido dos Trabalhadores, PSB, Rede e Cidadania.
Entidades representativas importantes também apoiam o pedido como a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Coalizão Negra por Direitos.
Apesar da robustez do pedido, não é simples levar um impeachment adiante. No caso de Bolsonaro, há um obstáculo importante no caminho: o presidente da Câmara, Arthur Lira, não deu nenhum sinal de que vai colocar qualquer pedido para andar. Pelo contrário, Lira se mantém como um aliado próximo do governo e esse ponto é decisivo para que um afastamento aconteça.
Basta lembrar do caso da ex-presidente Dilma, que só foi retirada do cargo depois que o então presidente da Câmara Eduardo Cunha decidiu prosseguir com o pedido que tramitava na Casa.
Embora ainda não dê para garantir que o “superpedido” vai ter prosseguimento, a iniciativa já mostra o quanto o governo vai ficando fragilizado num momento em que a CPI da Covid avança nas investigações.
As denúncias chegam cada vez mais perto do presidente e, se comprovadas, podem afastá-lo do cargo, independentemente de onde venha o pedido. Mas, para isso, o Centrão precisa desembarcar do governo.