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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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‘Geralmente o racista é quem diz que é mimimi’, afirma Olodum

Em entrevista exclusiva à coluna, integrantes da escola de tambores afro-brasileiro fundado em 1979 lembram que Salvador não tinha Dia da Consciência Negra

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 nov 2024, 03h36 - Publicado em 21 nov 2024, 01h59
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  • Lazinho, Lucas Di Fiori e Narcizinho, integrantes do bloco afro brasileiro Olodum, acreditam que o grande problema do país é que as pessoas “não querem assumir que o racismo existe”. “O grande problema é que as pessoas não querem assumir que o racismo existe. Ficam dizendo que é mimimi. Geralmente o racista é quem diz que é mimimi. Quando algum negro, mulher ou homem, vai reivindicar alguma coisa…. sempre é a história. É mimimi. É abertura demais. É muito espaço. Esse negócio de cotas. Para quê? Somos todos iguais? Não somos iguais”, afirmou Lucas Di Fiori em entrevista exclusiva à coluna, com a concordância dos dois colegas musicistas.

    Lazinho, o integrante mais antigo do Olodum, concorda e lembra que, recentemente, em São Paulo, alunos da PUC “tentaram apagar o brilho dos alunos cotistas de escola pública”. “As pessoas estão trocando as bolas. Quem mais estuda no Brasil são as pessoas de escola pública. Enquanto os pais ficarem ensinando os filhos que é bonito discriminar, ter preconceito contra alguma pessoa por causa da cor, da raça ou da opção sexual será muito ruim. Quando é que ser humano será realmente humano?”, questiona Lazinho após o show no Dia da Consciência Negra, em Brasília, mas celebrado em todo o território nacional.

    Narcizinho lembra, acompanhado de Lucas de Fiori, que nem mesmo a Bahia, estado que tem 80% da população negra, assim como São Paulo até pouco tempo, ou Rio Grande do Sul, tinha o Dia da Consciência Negra. “Para a gente [o Dia da Consciência Negra] é uma felicidade muito grande. Em Salvador não era feriado. A gente sente que os avanços estão chegando. Quando eu vejo as nossas crianças indo para escola de black [sorriso]. Essa semana eu estava no meu bairro, em Pernambués, e vi um menino com um cabelão black e um pente. Há alguns anos a criançada não podia fazer isso, sentia vergonha, sofria bullying para caramba. Em várias das áreas a gente sente que está avançando. Mas para a gente resolver essa situação do racismo o Brasil ainda precisa confirmar que o racismo existe. Porque ainda funciona de forma velada. [Dizem que] não existe, mas os salários são diferenciados. A mulher negra sofre ainda muito. A mulher negra precisa ser mais valorizada”, diz Lucas di Fiori.

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