O futebol e a política começam esta semana juntos. O relator da CPI, Renan Calheiros, pediu que os jogadores não aceitem jogar a Copa América. Mas quem acompanha os bastidores das negociações dentro da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) avalia que eles acabarão decidindo jogar o torneio, apesar de fazerem isso sob algum tipo de protesto.
Nos anos 1970, o então presidente Emílio Garrastazu Médici, que governou o país nos piores anos da ditadura militar (1964-1985), derrubou o técnico João Saldanha para que a seleção não fosse comandada por um “comunista” durante a Copa do Mundo de 1970. Foi Saldanha que classificou a seleção para aquela Copa e montou o time que até hoje é considerado o melhor de todos os tempos.
Agora, Jair Bolsonaro gostaria que ocorresse o mesmo com o treinador Tite, que tem postura independente em relação ao chefe do executivo. O presidente politizou a Copa América, usando-a como pretexto para mais uma vez criticar governadores que são a favor de medidas de proteção contra a contaminação. O nome de Renato Gaúcho, que é simpatizante de Bolsonaro, está sendo ventilado para o cargo de treinador.
Já a queda de Rogério Caboclo, o grande interlocutor do presidente, ocorre por motivos inteiramente alheios à política. E tem a ver com o momento atual em que mulheres se levantam contra os abusos e os assédios. Mas acaba entrando no mesmo meio de campo, porque Caboclo era o grande negociador dessa aliança Conmebol, CBF, Bolsonaro. Assim, o time do bolsonarismo na cartolagem está desfalcado, mas não derrotado.
O senador Flávio Bolsonaro, o filho Zero Um, voltou toda a sua carga neste domingo, 6, contra Tite, afirmando que ele é puxa saco do ex-presidente Lula. É aguardar poucos dias para ver se, até nisso, o governo Bolsonaro vai imitar o regime militar.