Flávio Dino diz que Bolsonaro cometeu crime e sabota luta contra pandemia
Governador do Maranhão, que decretou lockdown em São Luís, afirma que a "discussão dos ilícitos" do presidente tem que ser travada após a crise sanitária
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), acredita que “os atos ilícitos” cometidos pelo presidente Jair Bolsonaro, ao tentar interferir politicamente na Polícia Federal, precisam fazer parte da agenda política do país quando a pandemia do novo coronavírus cessar. Para ele, além de criar uma confusão política descabida, Bolsonaro ainda sabota as ações preventivas dos estados em meio à crise sanitária.
“Temos um presidente da República investigado no Supremo Tribunal Federal, alvo de uma grave delação feita pelo seu próprio ministro da Justiça, que inclusive ofertou provas acerca do cometimentos de atos ilícitos pelo presidente da República. Então, independente da vontade política do setor A ou B, estamos diante desse fato objetivo. Cessada a pandemia, obrigatoriamente, será o tema da agenda brasileira: o que fazer com o presidente que já cometeu crimes comuns e crimes de responsabilidade?”, questiona.
ASSINE VEJA
Clique e AssineFlávio Dino continua: “certamente a atitude do presidente da República não é consentânea com a gravidade da situação sanitária em que, a essas alturas, nos aproximamos de 8 mil de brasileiros que perderam a vida em face do coronavírus. Ele continua agindo concretamente pior do que com indiferença. Além da indiferença, ele ainda sabota o esforço preventivo liderado pelos governadores”, afirmou à coluna.
O governador do Maranhão também foi enfático ao comentar as intenções políticas do presidente: “Bolsonaro é isso. Se ele puder dar o golpe, ele dará. Isso aí não há a menor dúvida. Ou ele é contido ou ele tentará algum tipo de ruptura. Isso ao meu ver está muito evidente”. No domingo, 3, o presidente incentivou mais uma vez protestos antidemocráticos contra os outros poderes e disse que “as Forças Armadas estão do lado do povo”.
‘Colapso’
Flávio Dino ainda comentou a decisão pelo lockdown em São Luís, nesta terça-feira, 5. Segundo o político, aconteceu porque a cidade está a “um passo do colapso”. “Estamos num lockdown profilático, ou seja, para prevenir o caos. Não é que nós tenhamos o caos, nós queremos evitar o caos. Nós estamos, digamos, a alguns passos de uma situação de colapso”, disse ele.
A ocupação de leitos de UTI no estado já é de 90% e, por isso, o lockdown (bloqueio total) de serviços não essenciais foi uma forma de prevenir uma realidade ainda mais caótica. As medidas valerão pelos próximos dez dias em São Luís e em outros três municípios, que, juntos, aglomeram 1,5 milhão de habitantes.
O governador do Maranhão explica que o lockdown foi necessário porque, na última semana, 100% dos leitos de UTIs chegaram a estar ocupados na capital maranhense, tanto públicos, quanto privados. Diante disso, o Ministério Público entrou com uma ação judicial solicitando o endurecimento das restrições.
Segundo Flavio Dino, de março até os dias atuais foram triplicados os números de leitos, saltando de 232 para 761. A meta é chegar a 1.200 no final de maio, só para pacientes acometidos pelo coronavírus. “É um esforço muito grande, não só financeiro, mas sobretudo logístico, de conseguir equipamentos, que são escassos, de conseguir contratar equipes de profissionais de saúde, que também são escassas”.