Jair Bolsonaro deu inúmeras sinalizações nesta quarta-feira, 13, sobre a sua estratégia de defesa para os muitos inquéritos a que responde na Justiça.
Em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, o ex-presidente disse que fake news não é crime (“Qual é a tipificação no Código Penal? É como ser acusado de ter maltratado um marciano”) e pôs a culpa nos remédios por uma dessas postagens nas redes sociais (“Eu estava internado, tinha tomado morfina”).
O líder da extrema direita brasileira também afirmou que não teve participação no 8 de Janeiro (“nem forçando a barra vão encontrar algo”) e jogou uma carta na mesa dos investigadores sobre a infame tentativa de golpe e os presentes recebidos de delegações estrangeiras (“se você tirar da minha vida os presentes e o 8/1, não tem o que falar do meu governo”).
A tática pode não funcionar.
Basta lembrar o mandato de Bolsonaro na presidência que a tática cai por terra. Em sua conta no Twitter, o ex-presidente mentiu várias vezes, espalhando fake news e atingindo a honra de pessoas. Com ataques aos outros poderes, levou seus seguidores radicais a destruí-los após Lula tomar posse.
Sobre as joias, por que a insistência em retirar da Receita bens do Estado que valiam R$ 18 milhões? O ex-presidente não responde e seguirá dizendo que a lei não é clara sobre ele poder vendê-las ou não.
Agora, o mais importante da entrevista foi o ato alarmante de Bolsonaro de reatar a ligação com Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens que decidiu fazer uma delação premiada — fato revelado por VEJA.
O líder da extrema direita parece mesmo desesperado com o que a colaboração de Mauro Cid trará para o seu futuro político e/ou jurídico. Disse Bolsonaro: “O Cid é uma pessoa decente. É bom-caráter. Ele não vai inventar nada, até porque o que ele falar, vai ter que comprovar. […] Pretendo brevemente dar um abraço nele”.
Segundo apurou a coluna, a relação dos dois se deteriorou em meados de maio deste ano, quando o tenente-coronel já estava preso e soube da seguinte declaração do ex-presidente: “Cada um siga a sua vida, nós procuramos fazer tudo certo. Peço a Deus que ele não tenha errado”.
Naquele momento, Mauro Cid se sentiu abandonado pelo chefe, a quem “dedicou parte da vida”. Com as buscas realizadas na casa do pai dele — o general Lourena Cid —, a situação degringolou de vez.
Bolsonaro, com essa afirmação para Mônica Bergamo, tenta reconquistar o antigo cão de guarda, que fez de tudo por ele enquanto era presidente da República.