Delegados da Polícia Federal sêniores, que já atuam como chefes de divisão ou superintendentes, divergem na avaliação do nome de Alexandre Ramagem, mais cotado investigador para assumir o cargo de diretor-geral da Polícia Federal.
Segundo alguns desses delegados ouvidos pela coluna, a amizade entre Ramagem e Carlos Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, pode afetar negativamente a imagem da PF.
Para eles, qualquer tentativa de intervir nas investigações em que a família é alvo – como o inquérito que investiga um esquema criminosa de disseminação de fakenews – terá forte reação da corporação. Algo que só unificará ainda mais as categorias da polícia.
Na avaliação de um desses delegados, a demissão de Maurício Valeixo da direção da PF, apesar de lamentada, demonstra a força institucional. “Já passamos por isso. Não atrapalha não. Vamos continuar com o pé no acelerador. A blindagem institucional material é muito forte”, disse, ao comentar demissão do antigo diretor-geral, pivô do confronto entre Bolsonaro e o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro.
Sobre o risco que um diretor-geral com laços próximos à presidência da República pode representar ao trabalho da PF, um dos delegados entrevistados pela coluna ironiza: “Sério? Qual foi a efetividade do perigo em potencial do [Fernando] Segovia em 2017”?
Segovia foi nomeado diretor-geral da PF pelo então presidente Michel Temer. Acabou demitido em 2018, ao dar declarações a respeito de uma suposta tendência pelo arquivamento de inquérito contra o presidente em tramitação à época.
Neste domingo (26), a Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) pediu ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) que mantenha uma “distância republicana” da instituição, além de exigir a criação de um projeto de emenda constitucional prevendo autonomias para a PF.