Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

Matheus Leitão

Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
Continua após publicidade

Conflito entre general Heleno e indígenas no gabinete de crise

Chefe do GSI disse que povos fora de terras demarcadas serão tratados como produtores rurais e mandou-os procurar o SUS, como qualquer cidadão

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 17 jul 2020, 15h03 - Publicado em 17 jul 2020, 14h50
  • Seguir materia Seguindo materia
  • A primeira reunião do gabinete de crise para a prevenção de comunidades indígenas contra a Covid-19, medida imposta ao governo pelo Supremo Tribunal Federal (STF), foi um fiasco e desagradou muito os representantes de etnias presentes, assim como o Ministério Público Federal (MPF). O gabinete terá que encontrar soluções para a proteção de índios isolados e de recente contato, os mais frágeis diante da violência do novo coronavírus.

    Segundo relatos obtidos pela coluna entre participantes, o tema não foi abordado corretamente e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), Augusto Heleno, responsável por coordenar os trabalhos, afirmou que a questão indígena deveria ter sido resolvida há 50 anos no Brasil e que os povos encontrados fora de terras demarcadas serão tratados como produtores rurais e orientados a buscar o atendimento do SUS, o Sistema Único de Saúde, como qualquer cidadão.

    As duas declarações levaram indígenas de etnias como Marubo, Kaxuyana, Guajajara e Terena, presentes no encontro, a criticar fortemente o ministro do GSI. Na videoconferência, Augusto Heleno ainda teria reclamado dos atores responsáveis por obrigar o governo a criar o gabinete de crise, afirmando que a reunião só foi realizada por conta de ONGs e partidos políticos opositores.

    O gabinete de crise foi criado após decisão do Luís Roberto Barroso, que atendeu à Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 709, ingressada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Abip) e seis partidos (PSB, PSOL, PCdoB, Rede, PT e PDT). A ideia é que a sala virtual possa se reunir inúmeras vezes nos próximos meses.

    A declaração do ministro e de outros integrantes que citaram viés ideológico foi rebatida pela indígena Sonia Guajajara. Ela, que é coordenadora da Apib, afirmou que os povos originários “não estavam no gabinete de crise por partido A ou B”. “Nunca fomos prioridade de qualquer governo”, disse a indígena, reforçando também que a Apib é a organização legítima para entrar com a ação.

    Continua após a publicidade

    Sonia Guajajara ainda reclamou que o encontro não tratou da proteção dos indígenas isolados e de recente contato, como determina a decisão do ministro Barroso. Uma das medidas esperadas é a criação de barreiras sanitárias em 31 territórios espalhados pelo país onde há registro da presença desses povos originários que preferem o isolamento da sociedade majoritária brasileira e não têm memória imunológica para enfrentar o vírus.

    “Enquanto o ministro Barroso estava na reunião, eles estavam todos se comportando decentemente. Na hora que o Barroso saiu da sala, os integrantes do governo mudaram o tom e foram bastante grosseiros em alguns momentos”, afirmou Sonia Guajajara à coluna.

    A videoconferência foi atrapalhada por inúmeros problemas técnicos, com muita dificuldade na captação dos áudios das mais de 60 pessoas presentes, além da queda recorrente da conexão. Ainda segundo relatos obtidos pela coluna, a  procuradora Eliana Peres Torelly, da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal, afirmou, diante desse quadro, que a reunião “não estava atingindo seus objetivos”.

    Continua após a publicidade

    A opinião foi compartilhada pelo representante do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), também presente no encontro online. Um exemplo das dificuldades técnicas da reunião aconteceu quando Ângela Kaxuyana não conseguiu fazer uso da palavra. Havia a presença também de funcionários públicos de Distritos Sanitários Especiais Indígenas onde nem há índios isolados, o que ampliou a desorganização da sala do gabinete de crise.

    Outro momento conflituoso da reunião foi quando Robson Santos da Silva, da Secretaria Especial de Saúde Indígena, do Ministério da Saúde, criticou o uso da palavra genocídio por lideranças indígenas para retratar a gravidade da pandemia entre os povos originários. Nesta semana, o ministro Gilmar Mendes, do STF, afirmou que o Brasil pode estar cometendo um genocídio contra essas populações. Várias lideranças indígenas e especialistas no tema, como o fotógrafo Sebastião Salgado, concordam. Na videoconferência, Robson foi acusado de tentar gerar rusgas entre as etnias.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.