Bolsonaro e fake news: tudo a ver
O presidente mostrou nesses dois anos e oito meses de governo o uso compulsivo de informação falsa. Portanto, está no inquérito certo

A reação uníssona e enérgica do Judiciário aos ataques do presidente Jair Bolsonaro à democracia brasileira foi o fato da semana. Seja a abertura do inquérito administrativo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), seja o cancelamento da reunião entre os chefes de poderes, por Luiz Fux, o país viu a Justiça riscando a linha em relação ao Executivo. Mas nada é mais simbólico nos últimos dias que a inclusão do presidente, um político que atua de forma clara na disseminação de notícias falsas, no inquérito das fake news.
Como informado pela coluna, Bolsonaro está fazendo um jogo arriscado que pode tirá-lo do pleito de 2022. Acabou a semana encurralado pelo TSE e pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ou seja, por Luis Roberto Barroso e Luiz Fux. Enquanto um inquérito pode torná-lo inelegível, o outro pode comprovar um crime de responsabilidade do presidente. A atmosfera hoje é totalmente favorável a Bolsonaro no Congresso Nacional. Mas a situação pode mudar. Ainda mais com o presidente mantendo a estratégia de fake news/ataque às instituições democráticas e às eleições.
O presidente da República fez sua carreira política com base na divulgação de notícias falsas, como no caso de sua visão distorcida (e até cruel) do que foi a repressão da ditadura militar no Brasil. Ela permeou todo o seu histórico no legislativo, por mais de 20 anos.
Mas aquilo que era micro cresceu para macro na eleição de 2018, e o país testemunhou como uma máquina de fake news pode arregimentar seguidores e unir a extrema-direita brasileira, antes envergonhada e escondida em meio à sociedade brasileira. Agora, a prática da campanha foi institucionalizada no governo e por dois anos e oito meses o país tem sido exposto às mentiras diárias do presidente da República.