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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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As duas linhas que se enfrentam dentro do PT

Ou... o que as brigas internas do Partido dos Trabalhadores revelam e encobrem

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 29 out 2024, 18h36

Existem duas formas de olhar as eleições municipais dentro do Partido dos Trabalhadores. Há uma sob a ótica de que a legenda fracassou retumbantemente. Outra que interpreta o que houve como início de uma recuperação após o fiasco.

O primeiro está sendo imposto pelo ministro das Relações Institucionais do governo Lula, Alexandre Padilha. A segunda pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Os dois são da mesma corrente do partido, mas iniciaram uma “guerra pública”.

Padilha afirmou que “o PT é o campeão nacional das eleições presidenciais, mas, na minha avaliação, não saiu ainda do Z4 [zona de rebaixamento] que entrou em 2016 nas eleições municipais”.

Gleisi respondeu que “ofender o partido, fazendo graça, e diminuir nosso esforço nacional não contribui para alterar essa correlação de forças”. “Padilha devia focar nas articulações políticas do governo, de sua responsabilidade. Mais respeito com o partido que lutou por Lula Livre e Lula Presidente, quando poucos acreditavam”.

É a nova treta do governo com o partido, já que a própria Gleisi e Haddad trocaram farpas – e não tem muito tempo – sobre a política econômica. Aparentemente, o PT não está muito feliz com alguns aspectos do governo Lula-3.

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Mas também é igualmente muito ruim a forma como foi realizada a crítica do ministro Padilha – especialmente por ele ser o articulador político do terceiro governo Lula e que patina politicamente justamente na relação com o Congresso Nacional.

O problema encontrado pelo PT nas eleições municipais vem justamente do enfraquecimento da relação do governo federal com o parlamento – ou, diga-se de passagem, do estremecimento entre os dois poderes.

Começou mesmo com o orçamento impositivo, que aumentou o poder dos parlamentares para indicar gastos públicos. Para alguns, distorceu o sistema político, algo que se aprofundou quando Arthur Lira assumiu e Bolsonaro entregou o dinheiro para o presidente da Câmara através do aumento das emendas.

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O dinheiro hoje não vem do governo federal, mas sim do Congresso Nacional. Quem elege prefeito hoje é deputado, e quem elege deputado é o prefeito. Isso porque o dinheiro do deputado vai para o prefeito, o prefeito faz obras e depois aponta o deputado como responsável. Entenderam?

Nesse contexto, o PT conseguiu realmente melhorar um pouco. Saiu de 183 para 252 prefeitos eleitos, de 206 para 290 vices (dos quais 223 em chapas com prefeitos de 14 outros partidos) e passou de 2.663 para 3.129 vereadores.

Conseguiu algumas vitórias importantes – e em cidades estratégicas – como Camaçari, Juiz de Fora e Contagem. Apesar de ter conquistado apenas uma capital, venceu em Fortaleza, onde o grupo político dominante, o PDT de Ciro, se aliou a um bolsonarista que nega a existência de feminicídios em um dos países que mais mata mulheres, além de ameaças de morte ao candidato do PT.

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Existe muita coisa para preocupar o PT após a disputa eleitoral de 2024. Há erros de estratégia, e uma confessada dificuldade de falar com vários setores da sociedade e de grupos emergentes. Houve, contudo, vitórias de coligações das quais fizeram parte como a do Rio de Janeiro por exemplo, em que houve um forte agradecimento do prefeito reeleito no primeiro turno, Eduardo Paes, ao presidente Lula. Houve derrotas dolorosas, sem dúvida, mas também alguns avanços.

A batalha de Fortaleza mesmo foi muito bonita – transcende a política quando um candidato afirma que vai colocar o adversário na churrasqueira porque ele tem o sobrenome de Leitão.

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