A imagem que estampa a capa da rede social do ex-juiz e agora político Sergio Moro exibe uma frase imperativa: “Faça a coisa certa, sempre”. Para seguir exatamente o que diz, no entanto, ele deveria estar preocupado em zerar, o quanto antes, uma lista grande de pendências com a sociedade brasileira antes de 10 de novembro, quando deverá se filiar ao Podemos para disputar a eleição de 2022.
Pouco importa se Moro disputará o Senado por São Paulo ou pelo Paraná ou se tentará o Palácio do Planalto. O simples fato de topar entrar no debate sobre a vida pública do país obriga passar a limpo a própria história. Afinal de contas, o Brasil está precisando de homens públicos comprometidos com o povo e com a lei e não em eternizar os próprios erros.
A lista de pendências de Moro é longa. Vejamos apenas as principais:
1) Entrada no governo Bolsonaro – esse foi o principal erro de Moro e surtiu efeitos negativos para o Brasil, como minar bastante a credibilidade da Lava Jato, colocando tudo o que foi feito na operação sob suspeita. Já havia problemas, claro, mas piorou bastante. Até agora, Moro nada disse sobre isso.
2) Endossar absurdos do presidente – quando Moro aderiu ao bolsonarismo, já era público que Bolsonaro havia planejado um atentado a bomba na década de 1980, que ele é defensor da ditadura e da tortura, ofende as mulheres, é homofóbico e incompetente para dirigir o país. Mesmo assim, ele chegou até a ir em jogo de futebol com o presidente. Moro nunca revelou o peso que deu a todos esses fatos no processo de decisão que o levou a entrar no governo.
3) Relação com advogados – volta e meia vem à tona o caso do advogado Tacla Duran, investigado na Lava Jato que acusa o ex-juiz de vender acordo por meio do advogado Carlos Zucolotto Júnior. Até hoje, Moro se limitou a negar o fato, sem dar detalhes de sua relação com os dois e como essa história ganhou corpo.
4) Definir posição sobre Caixa 2 – Moro condenou a prática diversas vezes. Mas, depois de entrar no governo, disse que Caixa 2 não seria corrupção, mas um crime menos grave. Antes disso, depois que o ministro Onyx Lorenzoni admitiu ter praticado Caixa 2, Moro defendeu o colega dizendo que confiava nele e que Onyx já tinha se desculpado pelo que tinha feito. Moro precisa esclarecer porque mudou de opinião e como pensa atualmente.