Os aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro estão mobilizados como nunca para encontrar uma solução legislativa que evite sua prisão e mitigue o aprofundamento da crise política em decorrência dos inquéritos que investigam supostos crimes cometidos por ele.
A urgência da Câmara dos Deputados em acelerar o trâmite do projeto que proíbe delações premiadas de réus presos com o objetivo de invalidar acordos já firmados, evidencia a grave situação que Bolsonaro enfrenta.
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, indicou que os inquéritos contra Bolsonaro devem ser concluídos entre junho e julho. Dependendo da decisão da Procuradoria-Geral da República (PGR), isso pode impactar significativamente a ala bolsonarista. Espera-se que, se houver uma denúncia, a PGR a apresente ainda no primeiro semestre, para minimizar acusações de influência eleitoral indevida.
Com o apoio do FBI, a Polícia Federal descobriu uma nova joia nos Estados Unidos, ligada à suposta apropriação indevida de presentes oficiais. Esta descoberta faz parte de um tratado de assistência legal mútua com o FBI e adiciona-se a outras investigações, incluindo uma sobre tentativa de golpe de Estado e fraude no cartão de vacinação.
O caso das joias começou em 2021, quando itens de luxo não declarados, alegadamente presentes do governo da Arábia Saudita para Michelle Bolsonaro, foram apreendidos pela Receita Federal. Bolsonaro pode ser indiciado por peculato, crime que implica uma pena de até 12 anos de prisão.
Os outros dois inquéritos em conclusão tratam da tentativa de golpe de Estado e da criação de uma “Abin paralela” para fins políticos e pessoais. Há também avanços significativos na investigação que envolve o ex-chefe da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, e ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, suspeitos de usar a PRF para interferir nas eleições no Nordeste.
Em março deste ano, Bolsonaro e o tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, foram indiciados por supostamente participar de um esquema de fraude no cartão de vacinação contra a Covid-19, com registros falsificados inseridos no sistema do Ministério da Saúde por uma organização criminosa.
As investigações da PF alimentam as “nuvens da tempestade perfeita” contra Bolsonaro, que seguirão depois para a PGR e, ao que tudo indica, para o Supremo Tribunal Federal (STF), onde o retrospecto do ex-presidente não é favorável.