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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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A nova vergonha da igreja evangélica com Bolsonaro – agora em 2022

O brilhante escritor Rubem Alves escreveu carta renunciando ao posto de pastor presbiteriano na ditadura. Só não sabia que estaria falando à igreja em 2022

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 26 jul 2022, 11h58 - Publicado em 22 jul 2022, 18h30
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  • (FILES) In this file photo taken on February 4, 2022, Brazilian President Jair Bolsonaro (L) and his Education Minister Milton Ribeiro gesture during a ceremony in which the salaries of teachers of elementary education were increased, at Planalto Palace in Brasilia. - The Brazilian justice ordered on June 22, 2022, the arrest of Milton Ribeiro, former Minister of Education of the far-right president Jair Bolsonaro, for alleged corruption and influence peddling to favour allies of Evangelical pastors with public resources, confirmed the Federal Police (PF). Ribeiro had presented his resignation in March after newspaper Folha de Sao Paulo revealed an audio recording of him saying he gave priority in deciding school-funding requests to municipalities governed by political allies of influential Evangelical pastors at the far-right president's request. (Photo by EVARISTO SA / AFP)
    (FILES) In this file photo taken on February 4, 2022, Brazilian President Jair Bolsonaro (L) and his Education Minister Milton Ribeiro gesture during a ceremony  (Evaristo Sá/AFP)

    A mistura de púlpito e palanque nunca funcionou na história da igreja cristã, seja católica ou protestante. Aliás, o protestantismo, que engloba o segmento evangélico – e que hoje é aliado de primeira hora de Jair Bolsonaro -, nasceu justamente da visão de que era preciso separar o Estado da Igreja.

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    Nada disso impediu que os líderes evangélicos conseguissem – através de pedidos de votos desavergonhados com o microfone na mão – o apoio de 70% dos fiéis, que votaram em Bolsonaro no ano de 2018. Como sabemos, a transformação dos púlpitos em palanques foi fundamental para a chegada do atual presidente ao segundo turno do pleito.

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    O resto da história também já sabemos…

    Pois bem.

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    A Igreja Presbiteriana do Brasil decidiu, como informou o Estadão nesta quinta-feira, 21, criar uma comissão interna para definir regras gerais a serem repassadas aos seus pastores sobre as eleições, agora as de 2022. Regras gerais essas que serão, indubitavelmente, contra o ex-presidente Lula e a favor de Bolsonaro, outra informação que também já sabemos.

    É tudo um jogo de cartas marcadas, mas a proposta será tratada oficialmente no Supremo Concílio da Igreja, órgão máximo de deliberação da denominação, no final de julho.

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    Digo jogo de cartas marcadas porque o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, preso pela Polícia Federal em uma operação contra a corrupção, e o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal, são justamente dessa congregação.

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    Depois de tudo que Bolsonaro fez de forma contrária aos valores cristãos – incluindo na pior pandemia do último século -, uma das principais instituições religiosas do país vai apoiar a reeleição do mandatário.

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    No início do mês, inclusive, o reverendo Osni Ferreira, de Londrina, que se fez importante no bolsonarismo, transformou o púlpito da igreja em palanque e já pediu votos para o presidente.

    ”Nós temos que reeleger Bolsonaro. Irmãos, não tem outro caminho para o Brasil. Olha a América do Sul inteira”, disse, contrariando regras da própria Igreja Presbiteriana do Brasil e virando um abjeto braço ideológico da extrema-direita.

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    É uma triste declaração. E ela se agrava porque veio logo dos presbiterianos, parte do tronco mais antigo do protestantismo e que se orgulhava de ser – digamos assim – doutrinariamente mais sólido.

    Enfim, não é. E nada mudará daqui para o final de julho.

    Esta coluna já fez algumas críticas à postura das igrejas evangélicas, ao menos à maioria delas, de 2018 para cá, quando se juntaram – contrariando os outros princípios – ao bolsonarismo.

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    É uma vergonha sem precedentes o que aconteceu nas últimas eleições e ainda acontece até hoje. Só não é pior do que quando a maioria da protestantismo brasileiro apoiou a ditadura militar, entre 1964 e 1985, que torturou até a morte aqueles que pensavam contrariamente aos oficiais generais.

    Naquela época, o lúcido e brilhante escritor Rubem Alves escreveu uma carta-renúncia do pastorado que exercia na mesma Igreja Presbiteriana do Brasil – essa da qual o reverendo Osni Ferreira faz parte.

    Nela, disse:

    “Ninguém pode indefinidamente contrariar suas convicções e valores espirituais, sem que o próprio espírito sucumba. Estou convencido de que a Igreja Presbiteriana do Brasil hoje é uma grotesca ressurreição dos aspectos mais repulsivos do Catolicismo Medieval. Continuar fiel a ela, continuar a ser contado como um dos seus ministros, é compactuar com uma conspiração contra a liberdade e o amor”.

    Rubem Alves só não sabia que estaria falando também dos “aspectos mais repulsivos” da mesma igreja – nada mais, nada menos que 37 anos depois do fim daquele regime que feriu com baionetas a democracia brasileira.

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