A extrema-direita brasileira vai usar o fato de Lula ser agora “persona non grata” em Israel para tentar aquecer as manifestações pró-Bolsonaro.
Parece conversa de doido, mas não é.
Explico.
Com a Polícia Federal no seu encalço, o ex-presidente marcou um ato para o próximo domingo, 25, no qual pretende dar uma grande resposta às autoridades do país.
É como se Bolsonaro estivesse dizendo, após a Justiça apreender seu passaporte (numa clara sinalização de que a prisão pode estar próxima): “vocês vão mesmo fazer isso? Com um líder popular como eu?”.
De fato, o líder da extrema-direita tem uma popularidade superada somente por Lula no Brasil. Bolsonaro também sempre teve o apoio maciço da Igreja Evangélica, fortemente ligada a Israel.
Como revelou a coluna, um dos temores recentes na cúpula bolsonarista é o de que, se o ato estiver esvaziado, o ex-presidente sofra um revés político de proporções inimagináveis.
Agora, a ideia é tentar unir o “povo de Deus” no próximo domingo – jogando como combustível o fato de que Lula gerou um incidente diplomático com Israel.
Na verdade, a ideia é instigar o extremismo religioso. No meio gospel, Jerusalem é a “terra prometida” e o os judeus, o “povo escolhido” por Deus.
É o erro da política externa de Lula sendo usada em questões domésticas. Ou no aumento da polarização política brasileira, que parece não ter fim.