O debate promovido pelo SBT em São Paulo foi ponto fora da curva nesta eleição – marcado por um clima de tensão e reavaliação entre os candidatos, que se mostram assustados com a incerteza do eleitor. O que deveria ser um confronto de ideias se transformou em um verdadeiro dia de recolher palavras, em que declarações passadas foram revistas e, em alguns casos, retratadas.
Marçal, um dos protagonistas da noite, admitiu ter “feito uma cena” ao lidar com suas emoções durante a campanha. Ao pedir perdão aos eleitores, ele ressaltou que mostrou um lado seu que não gostaria que fosse a única imagem deixada. Elogiou a colega de debate, Tábata Amaral, reforçando a importância de um discurso mais equilibrado. Sua postura reflete uma tentativa de se distanciar de um comportamento que poderia prejudicar sua imagem e a conexão com o eleitorado.
Ricardo Nunes também se viu obrigado a esclarecer suas declarações sobre a vacinação. Em entrevistas anteriores, sua posição parecia ser contrária à obrigatoriedade da vacina. No entanto, no debate, ele especificou que suas críticas se dirigiam apenas à exigência do passaporte vacinal, e não à vacina em si. Essa mudança de tom sugere uma estratégia de recuperação para angariar a confiança de um público mais amplo, de centro, especialmente em tempos onde a polarização é intensa.
O debate explicitou que a direita e a extrema-direita estão precisando ajustar a narrativa no desenrolar do cenário eleitoral paulistano. Os candidatos estão nitidamente tentando encontrar um equilíbrio entre suas bases e um eleitorado mais moderado.
Nunes, por exemplo, parecia estar realizando acenos mais fortes à extrema-direita, mas isso passou a resultar em uma perda do apoio do centro. Essa dança política revela a fragilidade das certezas em tempos de debate acalorado.
Ainda que o debate tenha sido uma arena de confronto, as palavras proferidas refletem um esforço de recalibrar as mensagens. As falas de Pablo Marçal, que inicialmente buscavam causar impacto, acabaram afastando alguns eleitores, demonstrando que o caminho para o sucesso não é apenas lacrar, mas também ressoar com as preocupações do público.
O clima do último fim de semana também foi permeado por comentários do ex-presidente Bolsonaro, que, ao criticar Marçal, deixou transparecer uma instabilidade nas alianças dentro da própria direita. O jogo de palavras e acusações continuou, revelando um cenário onde a comunicação é tão volátil quanto as intenções dos candidatos.
Em suma, o debate da SBT foi mais do que um embate de ideias; foi esse momento de recolher palavras; um lembrete de que, na política, as declarações precisam ser constantemente reavaliadas e ajustadas. À medida que a campanha avança, resta saber quem conseguirá encontrar o equilíbrio necessário para conquistar de fato a confiança dos eleitores.