A ministra da Saúde, Nísia Trindade, é uma técnica em meio ao mundo político da Esplanada dos Ministérios. Sem filiação partidária ou projeto de poder – até onde se sabe -, ela foi escolhida por Lula após uma longa conversa com o médico Alexandre Kalil e o petista Alexandre Padilha.
Sua atuação na pandemia da Covid-19, quando guiou a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na parceria para produção da vacina AstraZeneca no Brasil, encheu os olhos do presidente da República – especialmente no contraponto a Jair Bolsonaro.
Mas Nísia vive, agora, seu momento mais delicado desde a nomeação no Ministério da Saúde. Engana-se quem pensa que isso aconteceu em Junho do ano passado, quando houve uma fritura pública orquestrada pelo Centrão por conta do atraso na liberação de emendas.
A dramática epidemia de Dengue, cuja explosão de casos fez com que estados decretassem emergência na saúde pública, está sendo vista por setores do Congresso como um erro justamente técnico. Era tudo o que aliados de Arthur Lira precisavam para recomeçar o plano de tentar se apossar do orçamento de bilhões da pasta.
Enquanto o plano para fragiliza-la está sendo organizado pelo Centrão, já que de fato o ministério errou ao não prever que uma epidemia violenta de Dengue ressurgiria, Lira envia sinais de que só ajudará nas votações do Congresso caso Alexandre Padilha, esse mesmo que avalizou o nome de Nísia para o ministério da Saúde, deixar a articulação política.
O mundo dá voltas, mas em Brasília parece permanecer no mesmo lugar.