A grande incerteza para Ciro Gomes
Candidato do PDT ao Planalto está perto de ter um leque restrito de opções para a carreira política
O candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, está quase chegando ao ponto em que não terá muitas, nem boas opções para seu futuro na política. Terceiro nas pesquisas, ele está estacionado no patamar dos 7% das intenções de votos, muito distante dos primeiros colocados, Lula e Bolsonaro. Hoje a derrota de Ciro é praticamente certa.
O que será dele depois de perder mais uma corrida ao Planalto?
De forma geral, há basicamente dois caminhos para Ciro Gomes tomar. Um deles seria abandonar a decisão de castigar o PT por não lhe ter apoiado em 2018, quando ele teria chances de derrotar Bolsonaro caso fosse apoiado pelos petistas.
Assim, Ciro poderia escrever seu nome no podium eleitoral e assumiria uma relevância histórica para o campo democrático caso colaborasse com a vitória de Lula e a derrota de Bolsonaro. Para isso, precisaria abandonar o ego e o desejo de vingança contra o partido que lhe tirou a chance de ser presidente da República quatro anos atrás.
A outra opção de Ciro é perder duas vezes.
Além de não ganhar o cargo que disputa pela quarta vez, ele também perderia por ter se afastado do projeto do campo democrático, seja quem for o próximo presidente. Se Lula perder, a história cobrará um preço ainda maior de Ciro por ter contribuído para a ocorrência de um segundo turno – no momento, a principal chance de vitória de Jair Bolsonaro acontece se houver a segunda etapa da votação.
Exemplo do erro cometido por Ciro é um texto publicado por ele nas redes sociais nesta semana. “Lula e Bolsonaro são pessoas diferentes, a gente sabe disso. Mas, a rigor, representam o mesmo tipo de gestão econômica e o mesmo tipo de gestão política”, disse o candidato.
Isso não é verdade. Bolsonaro significa atraso, retrocesso e ameaça à democracia. Lula, com seus defeitos, é bem diferente de Bolsonaro.
Nos bastidores de Brasília, há quem especule que o recente desentendimento entre Ciro e o irmão e senador Cid Gomes seria apenas um teatro.
Afastados por causa do rompimento da aliança com o PT no Ceará, defendida por Cid, o fingimento serviria para o senador reconstruir as pontes do irmão com os petistas e apoiar Lula.
Claro que a aliança não seria gratuita.
Os irmãos Gomes e o PDT negociariam para si cargos, orçamento e participação num eventual mandato de Lula. Ciro tem sido muito claro de que não aceitaria jamais esse papel – teve excelente participação no Jornal Nacional -, o que é um direito que ele tem.
O tempo, no entanto, urge.
E o ponto de não retorno, quando Ciro já não terá essa opção, está se aproximando cada vez mais rápido.