As autoridades brasileiras divergem sobre a liberação das casas de apostas no país. Parlamentares de direita criticam a promessa de aumento de arrecadação feita pelo governo, enquanto a esquerda destaca os riscos sociais e propõe controle rigoroso sobre a publicidade para proteger jovens e grupos vulneráveis.
Os dados são de um estudo da plataforma Autoridades Brasil, do grupo Ibpad, que monitora publicações de mais de 4.600 autoridades nas redes sociais.
O assunto ganhou novo fôlego nesta semana. Na segunda-feira, 11, o Supremo Tribunal Federal (STF) realizou a primeira audiência sobre o tema e ouviu mais de 30 especialistas e representantes de órgãos públicos.
O ministro Luiz Fux, relator da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7721, que trata do tema, indicou que o julgamento do mérito deve ocorrer até o primeiro semestre de 2025.
Nas redes sociais, as autoridades de direita e centro-direita se manifestaram mais sobre o assunto. Somadas, foram responsáveis por 54% das publicações, enquanto esquerda e centro-esquerda ficaram com 36% e o centro, com 10%. “Os números fazem sentido no contexto político atual, dado que a situação, polêmica, está ocorrendo durante um governo de esquerda, abrindo espaço para as críticas da direita”, afirma Letícia Medeiros, gerente do Autoridades Brasil.
De acordo com o levantamento do Autoridades Brasil, autoridades de esquerda alertaram nas redes sociais para os malefícios das apostas, como o risco de vício e os danos à saúde mental. Entre as medidas propostas estão a proibição de publicidade e o bloqueio do uso de cartões de crédito e benefícios sociais em sites de apostas.
A direita, por outro lado, questiona a viabilidade econômica da liberação e critica a promessa de arrecadação não cumprida. Para esses parlamentares, a justificativa econômica não se sustenta e exige uma revisão de abordagem.
Um dos poucos pontos de consenso é a crítica às empresas de apostas.
A notícia divulgada no mês passado de que cerca de R$ 3 bilhões do Bolsa Família foi usada em apostas gerou indignação entre autoridades de todos os espectros, que pedem maior fiscalização e responsabilidade social das plataformas.
“A esquerda e a centro-esquerda adotaram uma abordagem mais defensiva, preocupando-se em não estigmatizar os beneficiários do Bolsa Família e focaram mais nas críticas às empresas de apostas. Essa preocupação em relação a possíveis ataques aos beneficiários do programa, no entanto, não se materializou, porque, entre as publicações de direita e centro-direita, não houve críticas nesse sentido”, destaca Letícia.