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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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A definição perfeita de Eduardo Leite sobre a própria candidatura

Ex-governador afirma: “[estou] na pista para negócio”

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 abr 2022, 08h45 - Publicado em 11 abr 2022, 15h07

Passou despercebida uma frase dita pelo ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB) nesse fim de semana, mas ela deve ser destacada para mostrar quem ele é.

Depois de deixar o governo do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite tem trabalhado para ser candidato a presidente. Nesse fim de semana, participou de um evento realizado em Boston, nos Estados Unidos, que contou com a presença de presidenciáveis como Ciro Gomes (PDT), João Doria (PSDB) e Simone Tebet (MDB).

Questionado se também poderia ser apresentado como candidato a presidente, Eduardo Leite respondeu: “tô na pista para negócio”.

A frase mostra bem o perfil do político, que não aceitou a derrota na prévia do PSDB, a mesma que escolheu Doria como o candidato tucano à presidência.

Ao dizer que está na pista, Eduardo mostra ser ultraambicioso (mais do que seus colegas políticos) e que não está preocupado com o Brasil ou com a democracia. Esse “negócio” ao qual ele se refere é apenas pessoal, um projeto de poder imaturo que ele construiu para si mesmo.

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Em outros momentos, Eduardo Leite já demonstrou não ter preocupação com a democracia. O político mostra ter um perfil conservador de centro-direita que privilegia apenas a austeridade, uma posição ultrapassada que o mundo inteiro já abandonou.

Em outubro de 2021, por exemplo, durante debate que precedeu as prévias no PSDB, Leite deu a entender que privilegiaria a economia em detrimento da democracia.

Questionado se há uma hierarquia e se prefere a questão econômica, Eduardo Leite foi incapaz de dizer que a democracia tem precedência sobre a economia.

A mesma postura, inclusive, foi vista durante todas as prévias do PSDB. Leite aceitou disputar a eleição interna, gastou dinheiro do partido fazendo campanha e, quando perdeu, não aceitou o resultado.

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Seus apoiadores ainda levantaram suspeita de fraudes no processo, sem provas. É a velha jogada de quem não aceita a democracia: se perder, grita que é fraude. Lembrou Aécio Neves.

O tempo todo Eduardo Leite vem fazendo esse jogo ambíguo que, do ponto de vista democrático, é muito ruim. O tucano foi derrotado, mas tenta puxar o tapete dos adversários fazendo oposição interna a todo momento. Não há o reconhecimento da vitória do outro, que é parte da democracia. 

Aliás, a tradição democrática na Europa e nos Estados Unidos – Leite deve saber – é que, quando um candidato é derrotado, ele cumprimenta seu adversário antes mesmo desse adversário falar como vitorioso. O ritual de reconhecimento da vitória é parte desse processo de aceitação da regra democrática.

Eduardo Leite não segue os rituais e as formalidades que a democracia exige. Criticado por todas lideranças importantes dentro de seu partido, não abriu mão – nem assim – de sua vontade própria.

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Mesmo que consiga emplacar alguma candidatura em outubro, Eduardo Leite já perdeu. Perdeu credibilidade, perdeu respeito e a chance de valorizar a democracia.

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