Se alguém não entendeu claramente as decisões tomadas pelo Ministério da Saúde em relação à vacinação contra a Covid-19, cabe esclarecer: o governo federal, conforme tudo o que foi dito na entrevista de hoje, dia 16, do ministro Pazuello, não tem a menor intenção de se envolver em qualquer campanha emergencial de imunização.
O ministro deixou isso claro ao dizer que há “ansiedade” e “angústia” pela vacina, mas nem uma coisa nem outra farão com que ele mexa qualquer músculo na direção de tratar o problema como uma questão de emergência.
Tudo o que Pazuello descreveu como plano de imunização é seguir o manual de aprovação da Anvisa e distribuir aos Estados as vacinas que venham a ser aprovadas em até cinco dias depois dessa validação.
Quanto à possibilidade de algum laboratório pedir liberação para uso de emergência, o que o ministro tem a oferecer é mais uma complicação burocrática, determinada pela exigência de preenchimento e assinatura de um termo de responsabilidade, por parte de quem venha a ser vacinado, como se essa situação fosse a continuidade de um programa de testes, sem chancela oficial nem apoio do governo.
Pazuello sublinhou seu recado a esse respeito, lembrando que Estados Unidos e Inglaterra estão neste momento aplicando vacinas que não têm registro definitivo por parte dos órgãos reguladores – mas esqueceu de anotar que, nesses países, a administração pública está envolvida no processo e faz campanha pela vacinação.
Diante dessa posição do ministro, pode-se esperar para os próximos dias novas e boas razões para indignação, tanto pela maneira quanto a Anvisa poderá vir a tratar algum pedido de utilização emergencial quanto pela indisposição do governo federal de empenhar-se pela imunização por esse caminho.
Para entender a razão dessa sólida tibieza, vale lembrar que o chefe de Pazuello é um homem comprometido com notícias falsas a ponto de acreditar, de verdade, que as vacinas, principalmente as chinesas, podem ser apenas uma forma de disseminar um mal ainda pior do que a Covid-19.
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