Mais uma vez, assistimos de camarote cenas de horror no Rio de Janeiro. Um samba-enredo trágico. Foram 35 ônibus incendiados, pessoas fugindo do fogo, avenidas fechadas, escolas e unidades de saúde paralisadas. Pelo menos 7 bairros sitiados. Cenas de terror.
Hoje, a ação do crime foi uma resposta a morte do número dois de uma milícia da zona oeste da capital fluminense, durante uma operação da polícia militar. Matheus Rezende, o Faustão, era sobrinho do comandante da quadrilha.
Amanhã, a revolta do crime pode ser pela morte do Zinho, do Tandera ou do Abelha. Nomes citados nesta segunda-feira pelo próprio governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, e a quem prometeu não descansar até prendê-los.
Os criminosos, portanto, já são conhecidos. Só faltou uma coisa: ação. Mas só vemos a reação do Estado depois da conta chegar novamente aos moradores. Ainda sem a perspectiva de melhora, diante de facções que se tornam cada vez mais empresas lucrativas e fortemente armadas.
É um estado falido, rendido.
De fato, não há o que comemorar, governador. Em meio ao caos, o chefe do executivo fluminense postou nas redes: “hoje demos um duro golpe na maior milícia da Zona Oeste”. Ora. Não seria exatamente ao contrário? O crime nocauteando, mais uma vez, o Estado.
Enquanto isso, os cidadãos vivem à mercê do humor das facções criminosas, esperando conseguir fugir de ameaças, do fogo ou da bala perdida. Driblando o medo com a vontade de ter uma vida minimamente digna.