Mesmo após casos de abusos da PM, governo de SP blinda Derrite no cargo
Secretário de Segurança Pública está sendo cobrado pelo excesso de violência cometido pela Polícia Militar
O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, foi amplamente cobrado pela sociedade, pela oposição e pelo Ministério Público após recentes casos de abuso de violência cometidos pela Polícia Militar. O último escândalo foi na madrugada de segunda-feira, 2, em que um policial jogou um homem do alto de uma ponte, durante uma abordagem, na zona sul da capital paulista. Outros casos como o de um homem morto pelas costas e a morte de uma criança durante uma operação também chocaram.
Parlamentares aprovaram a ida do deputado federal licenciado à Assembleia Legislativa para dar explicações. O líder do PT, Paulo Fiorillo, disse à coluna que o governo estadual deve responder pelos atos praticados pela corporação.
“Queremos explicações do governador, o secretário Derrite é o responsável e, com as últimas ações, tem permitido o crescimento da violência por parte de alguns policiais. Nós temos cobrado explicações e vamos ao MP para cobrar medidas enérgicas contra essa violência descabida que temos assistido.”
Em um post nas redes sociais, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) convocou um ato pedindo a demissão do secretário para o próximo dia 5. O ex-candidato à prefeitura disse que o parlamentar “perdeu as condições de permanecer no cargo”.
Nesta terça-feira, 3, o procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, também se manifestou com uma nota em que classifica como “estarrecedoras” e “absolutamente inadmissíveis” as imagens. À coluna, Costa disse que haverá rigor nas investigações.
Apesar de toda a repercussão negativa, internamente há apoio ao secretário no governo estadual. A avaliação nos bastidores é de que não se pode culpá-lo pelos erros cometidos por agentes “isolados”, diante de um grupo de 88.000 policiais, e que ele está implementando boas práticas, segundo uma fonte próxima ao governador Tarcísio de Freitas. “Está excelente”, disse sobre a situação de Derrite após os casos de violência. O governo, no entanto, admite adotar mudanças na Polícia Militar, mas que ainda estão sendo analisadas.