“Efeito repique” pode tornar enchente mais duradoura no RS
Estimativa feita pelos pesquisadores da UFRGS se baseia na enchente histórica de 1941, mas aponta que novas previsões mostram cheia ainda mais duradoura
O nível do Rio Guaíba segue alto, em torno de 5 metros, e apesar de uma leve queda registrada a previsão de chuva forte para os próximos cinco dias deve causar um efeito repique e provocar uma enchente mais duradoura. O nível normal do rio é de 3 metros. Na cheia histórica de 1941, somente após 32 dias esse patamar foi alcançado.
O professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS, Rodrigo Paiva, diz que a possibilidade de novos temporais preocupa e dificulta a estimativa sobre a duração da enchente, mas ressalta que, mesmo que não chova, o rio deve se manter com, no mínimo, 4 metros de altura na semana que vem.
“O Guaíba se comportou conforme as previsões anteriores. Ocorreu elevação rápida até sexta-feira, lenta no sábado, e estabilização em 5,30 m no domingo até terça-feira, iniciando recessão lenta (20 cm ao dia) na quarta-feira, até a marca dos 5 metros.”
Nesta quinta-feira, o nível do rio caiu abaixo dos 5 metros pela primeira vez, chegando a 4,93 metros. Mesmo assim, a dificuldade para o escoamento da água na região torna o processo lento, ainda com chances de ser impactado com mais chuvas que estão sendo previstas.
O cenário diante de todas as incertezas envolvidas e com base nas observações feitas até o momento, de acordo com cálculos da UFRGS, é de que o rio possa voltar a subir acima dos 5 metros novamente, se as chuvas se confirmarem na intensidade que estão previstas.
“Caso o vento sul forte se confirme, pode causar elevação adicional da ordem de 20 cm. Caso as chuvas não se confirmem, tendência de redução gradual mantendo-se acima de 4 metros por mais de uma semana”.
O Rio Grande do Sul foi drasticamente afetado pelas chuvas que começaram no último dia 29, deixando 107 mortos e 136 desaparecidos; 428 municípios foram afetados e cerca de 165 mil moradores estão desalojados.
As perspectivas para a região, infelizmente, não são nada boas. O Rio Grande do Sul, que já tem sofrido bastante com efeitos climáticos, pode ser palco de mais tragédias se nada for feito. Outro estudo da universidade federal com a ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) mostra que as projeções de impacto das mudanças climáticas terão um peso significativo no sul do país, com aumento de magnitude e frequência das cheias. Ou seja, eventos como esse podem se repetir e de uma forma ainda pior.