Uma carta divulgada em 2021 por 10 deputados do PT se posicionando contra o termo terrorista para o grupo Hamas tem gerado mal estar para o governo. Atualmente, dois integrantes desse grupo são ministros: Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, e Paulo Pimenta, da secretaria de Comunicação da Presidência da República.
A manifestação foi divulgada, há cerca de dois anos, após o governo britânico definir o movimento islâmico como terrorista. O texto diz que “expressa profundo descontentamento a declaração da secretária do Interior da Inglaterra, Priti Patel, que atribuiu ao Movimento de Resistência Islâmico – Hamas, a designação de organização terrorista”.
Nesta segunda-feira, o ministro das Relações Institucionais se manifestou no X, antigo Twitter, dizendo que estava circulando nas redes uma fake news. Segundo Padilha, no momento em que a carta foi divulgada era um período agudo da pandemia o que agravaria o acesso de recursos para populações vulneráveis, como as que vivem em áreas de conflito no Oriente Médio.
O ministro ainda argumentou que assinou o documento à época para não aumentar o tensionamento com organizações da região o que, segundo Padilha, “tornaria ainda mais difícil garantir ações de cuidado pelos governos locais ou obter ajuda internacional para àquelas localidades”, citando, portanto, a sensível Faixa de Gaza, onde vivem palestinos, sob domínio dos extremistas.
Por outro lado, o presidente Lula, que hoje preside o Conselho de Segurança da ONU, chamou de terroristas os ataques no dia em que Israel decretou guerra contra o Hamas, no último sábado (7), após a ação brutal dos extremistas.
“Fiquei chocado com os ataques terroristas realizados hoje contra civis em Israel, que causaram numerosas vítimas. Ao expressar minhas condolências aos familiares das vítimas, reafirmo meu repúdio ao terrorismo em qualquer de suas formas”, publicou o presidente.
Segue a nota na íntegra:
“Resistência não é terrorismo!
Todo apoio ao povo palestino na luta por legítimos direitos. Os parlamentares, entidades e lideranças brasileiras que subscrevem este documento, expressam o seu profundo descontentamento à declaração da secretária do Interior da Inglaterra, Priti Patel, que atribuiu ao Movimento de Resistência Islâmico – Hamas, a designação de “organização terrorista”, alegando falsamente que o Movimento palestino seria “fundamentalmente e radicalmente antissemita”. Este posicionamento representa uma extensão da política colonial britânica, em desacordo com a posição da maioria do povo da Inglaterra, que se opõe à ocupação israelense e aos seus crimes. Seu objetivo é claro: atingir a legítima resistência palestina contra a ocupação e o apartheid israelense, numa clara posição tendenciosa em favor de Israel e tornando-se cúmplice das constantes agressões aos palestinos e aos seus direitos legítimos. O direito à resistência assegurados pelo Direito Internacional e Humanitário, pela Carta das Nações Unidas e por diversas Resoluções da ONU, entre elas as de nº 2.649/1970, 2.787/1971 e 3103/1974, reiterando o direito de todos os povos sob dominação colonial e opressão estrangeira de resistir ao ocupante usurpador e se defender. A resistência é um legítimo direito dos palestinos contra a ocupação e as reiteradas violações dos direitos humanos, bem como os crimes de guerra. Direito que os palestinos não abrem mão e para o qual, contam com o nosso apoio e solidariedade à sua causa de libertação e pelo seu Estado nacional palestino”.
Brasil, 23 de novembro de 2021.
Deputado Zeca Dirceu (PT-PR)
Deputado Paulo Pimenta (PT-RS)
Deputado Alexandre Padilha (PT-SP)
Deputada Érika Kokay (PT-DF)
Deputada Professora Rosa Neide (PT-MT)
Deputado Enio Verri (PT-PR)
Deputado Helder Salomão (PT-ES)
Deputado Nilto Tatto (PT-SP)
Deputado Padre João (PT-MG)
Deputado Paulão (PT-AL)