Está marcado para o próximo dia 6 o julgamento do recurso apresentado pelo ex-presidente Bolsonaro para tirar o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes do julgamento da trama golpista. A defesa alega que, por ser vítima no processo, o magistrado não poderia relatar, participar e julgar o caso. Mas, nos bastidores, aliados reconhecem que a chance do STF afastar Moraes é muito pequena ou quase nula.
Ministros do Supremo ouvidos pela coluna também dizem que a decisão deve ser unânime para manter o relator no processo. O recurso já havia sido recusado pelo presidente da Corte, Luis Roberto Barroso, em decisão monocrática, em fevereiro. À época, a Procuradoria Geral da República entendeu que a ação não tem um alvo específico, e sim, um ataque às instituições.
O que está por trás dessa ação, então, é usar o julgamento para tentar convencer a população de que o ministro está perseguindo o ex-presidente, tese amplamente defendida pelo bolsonarismo.
Inelegível, Bolsonaro quer, além de ganhar capital e apoio político, tentar se defender das investigações contra ele. Cada vez mais acuado por tamanhas evidências de sua participação na tentativa de golpe, reveladas pela Polícia Federal, o ex-presidente dispõe de poucas alternativas e vê essa estratégia como a arma mais eficiente para evitar uma prisão e tentar reverter sua situação por meio de uma anistia. Basta saber se esse discurso vai colar.