A organização dos Jogos do Rio prometeu que os quase 40 bilhões de reais investidos na construção e reforma dos locais de competição deixariam uma grande herança esportiva para a cidade. Passados sete anos da competição, a realidade é bem diferente e o estádio de remo na Lagoa Rodrigo de Freitas virou uma espécie de símbolo do fiasco do tão prometido legado olímpico. Terminadas as regatas de 2016, o complexo reabriu com casa de shows, restaurante e cinema. Quem passa por lá hoje se depara com um cenário de desolação. Os estabelecimentos estão fechados e a arquibancada encontra-se cheia de rachaduras. Não há qualquer previsão a curto prazo de mudança nesse clima de abandono no endereço encravado em um dos locais mais valorizados da cidade.
A gestão do complexo foi assumida em 1997 pela empresa Glem Participações. Depois de um período inicial de euforia, o movimento começou a minguar e as atrações do complexo fecharam as portas, uma a a uma. Nos últimos tempos, o Governo do Estado do Rio de Janeiro iniciou batalha na Justiça para retomar a posse do local, obtendo vitória nesse sentido em junho do ano passado. A gestão estadual prometeu lançar nova licitação até o final de 2022, o que não aconteceu.
Procurada pela reportagem de VEJA, a assessoria de comunicação do governo afirmou em nota que a “Secretaria de Estado da Casa Civil trabalha na modelagem da nova concessão do espaço. O objetivo é que o edital possibilite uma ocupação mista do imóvel, considerando as vocações do espaço para gastronomia, lazer e entretenimento”. Mas não há qualquer previsão de data para que isso ocorra, apenas uma vaga previsão de que teremos novidades nos “próximos meses”. Enquanto isso, o complexo de remo permanece como um monumento vivo do fracasso do legado olímpico.
Nota da redação
No dia 27 de fevereiro, João Gualberto Salles Teixeira de Mello, presidente da Federação de Remo do Estado do Rio de Janeiro (Frerj), mandou o seguinte complemento à matéria: “A Casa Civil (leia-se Governo do Estado do Rio de Janeiro), parceira da FRERJ, começou a atuar no Estádio de Remo da Lagoa após a saída do antigo permissionário, em junho 2022, sendo que o edital de licitação para que outros permissionários se candidatem está em fase avançada de elaboração, por parte do governo do Estado do Rio de Janeiro. Eu preciso deixar claro que a FRERJ mantém amplo diálogo com as autoridades da Casa Civil, que nos apoiam na logística das diversas fases das regatas disputadas no Estádio de Remo da Lagoa”.