Ao inaugurar nesta sexta-feira, 26, um trecho do Eixo Norte da transposição do rio São Francisco, em Penaforte (CE), o presidente Jair Bolsonaro se tornou mais um presidente a entregar obras do interminável projeto, cuja “paternidade” é motivo de disputas políticas em função de seu potencial eleitoral no Nordeste – no caso de Bolsonaro, a visita foi encorajada pela turma do Centrão, seus novos aliados.
A transposição foi iniciada ainda no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e teve trechos inaugurados nos governos Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB). Idealizador do projeto, que começou em 2007 e deveria ter sido entregue em 2012 ao custo de 5 bilhões de reais (o custo final será de 12 bilhões), o melindrado petista chegou a promover em 2017, ao lado da já ex-presidente Dilma, uma inauguração simbólica e não oficial do Eixo Leste da transposição – dias antes, Temer abrira as comportas que levaram água à cidade de Monteiro, no sertão paraibano.
Obra de quatro presidentes, a transposição do São Francisco está definitivamente na balbúrdia das obras públicas brasileiras que tendem ao infinito e mobilizaram diversos governos, como a rodovia Transamazônica, iniciada no governo de Emílio Médici (1969-1974), na ditadura militar, a ferrovia Norte-Sul, que começou a ser construída no governo de José Sarney (1985-1990), e a ferrovia Transnordestina, cujas obras foram lançadas em 2006, quando Lula era presidente. A conferir se a transposição, 97% concluída, terá Bolsonaro como o último da fila.