Ricardo Nunes é o principal alvo no último debate antes do 1º turno em SP
Guilherme Boulos e Pablo Marçal trocam acusações e disputam quem é menos extremista
A três dias das eleições, o último debate entre candidatos à prefeitura de São Paulo colocou frente a frente Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB), empatados tecnicamente nas pesquisas de intenção de voto. Nesta quinta-feira, 3, o programa organizado pela Rede Globo iniciou às 22h com expectativa de decisão sobre quem deve seguir para o segundo turno em 27 de outubro. Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB) também participam do debate.
Com menos ênfase nas ofensas e ataques pessoais, os postulantes à prefeitura paulistana tentaram mostrar uma imagem mais moderada. Prova disso é que o primeiro direito de resposta do debate foi pedido no terceiro e penúltimo bloco pelo prefeito Ricardo Nunes, o principal alvo dos adversários. No fim do mesmo bloco, Guilherme Boulos e Pablo Marçal também solicitaram direito de resposta — todas negadas pela organização do programa.
Antes de acabar o programa, Marçal aproveitou que o prefeito não teria mais oportunidades de perguntas ou respostas e voltou a citar um boletim de ocorrência da primeira-dama Regina Carnovale contra Ricardo Nunes por uma briga que o casal teve no passado, durante um período em que estiveram separados. A esposa de Nuens nunca levou adiante a denúncia contra o seu cônjuge. No debate, Nunes gastou parte do tempo de considerações finais para se defender da acusação.
Tabata Amaral também foi firme para atacar Nunes. Disse que “esse prefeito é pequeno demais”, e que “Nunes recebeu uma cracolândia e entregou 72 cracolândias”. No início do programa, ela e Boulos fizeram uma dobradinha para atacar o atual mandatário e questionar a eficiência dos serviços de saúde na gestão do emedebista. O emedebista afirmou que a adversária não teve “trabalho concreto” e deu “pouquíssima ajuda” a São Paulo durante os mandatos na Câmara dos Deputados. Além de defender os ataques da atual administração, Ricardo Nunes enfatizou a “economia liberal” do seu mandato e citou a redução de impostos durante a gestão.
Nos primeiros blocos, Pablo Marçal passou por uma tentativa de isolamento pelos adversários. Quando teve a palavra, o influenciador optou por adotar um tom ameno, em contraste com a agressividade de programas anteriores, e se apresentar sob a justificativa de que não tem tempo de televisão no horário eleitoral gratuito. Ele aproveitou para reforçar o discurso antissistema e criticou políticos experientes. “Sou um cidadão que está indignado com esse tipo de política”, afirmou. Quando criticou os demais candidatos o ex-coach deixou de lado os apelidos e provocações e quis colar a imagem de único representante legítimo da direita.
Guilherme Boulos adotou a estratégia de citar com frequência os aliados petistas. O psolista mencionou várias vezes o Lula e a ex-prefeita Marta Suplicy. Antes do programa, nas redes sociais, o deputado fez uma live com o presidente transmitida nas redes sociais e fez questão de desatacar isso no debate: “falei com ele hoje”, enfatizou o candidato.
Em frente aos estúdios, antes dos candidatos entrarem, a claque de Marçal provocou os apoiadores de Boulos, mostrando carteiras de trabalho e chamando o psolista de “comedor de açúcar”, assim como fez o ex-coach em debates anteriores.
Disputa em São Paulo
Na tarde desta quinta-feira, o Datafolha divulgou sua pesquisa mais recente. De acordo com o levantamento, Guilherme Boulos está numericamente à frente com 26% das intenções de voto e ultrapassou o prefeito Ricardo Nunes que tem 24%, mesmo patamar de Pablo Marçal . O atual mandatário oscilou dois pontos para baixo e o candidato do PRTB oscilou positivamente dois pontos percentuais.
Num segundo pelotão, Tabata Amaral (PSB) aparece com 11%, José Luiz Datena (PSDB), com 4% e Marina Helena (Novo), com 2%. A pesquisa ouviu 1.806 eleitores entre os dias 1 e 3 de outubro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.