Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

Maquiavel

Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Por que os evangélicos resistem à vacina contra a Covid-19?

Teorias conspiratórias, interpretações de trechos bíblicos e adesão a discursos políticos negacionistas estão entre as causas no Brasil e nos Estados Unidos

Por Da Redação Atualizado em 6 Maio 2024, 16h55 - Publicado em 18 jun 2021, 13h16
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Embora a vacina seja reconhecida pela ciência como a principal arma para conter a Covid-19, há alguns setores da população – no Brasil e no mundo – que resistem à imunização. Um dos grupos mais notáveis nesse sentido tem sido o de evangélicos pentecostais, que no caso brasileiro são movidos tanto por motivações religiosas quanto políticas.

    Uma pesquisa do Datafolha feita em maio mostra, por exemplo, que apenas 20% dos evangélicos disseram ter sido vacinados contra a doença, percentual que fica abaixo do verificado entre católicos (31%) e a média da população (25%). Dos entrevistados, 10% disseram que não pretendem se vacinar, o dobro dos católicos (5%).

    Um dos motivos religiosos, principalmente entre os pentecostais no Brasil e os cristãos conservadores dos Estados Unidos, é a interpretação que dão a um trecho bíblico do Apocalipse que afirma que, no final dos tempos, a “besta” (o demônio) terá uma marca nas pessoas – que alguns líderes difundem como sendo uma referência à vacina.

    Há também uma certa adesão a discursos negacionistas, que minimizam a pandemia e os seus riscos. A mesma pesquisa Datafolha aponta que 77% dos evangélicos disseram que se sentem de alguma forma seguros para irem à igreja durante a pandemia. A pauta da reabertura dos templos foi bandeira de líderes evangélicos apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro — que tem entre os pentecostais a sua principal base de apoiadores — e o caso chegou ao STF, que decidiu que municípios e estados podem sim impor restrições.

    Um estudo conduzido pelas pesquisadoras Mariana Borges Martins da Silva, do departamento de ciência política da Universidade de Oxford, e Marina Pereira Novo, da Unicamp – e divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo nesta sexta-feira, 18 –, mostra que evangélicos pentecostais foram mais propensos a acreditar na eficácia do chamado “tratamento precoce” (uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra a doença, como a cloroquina) do que o restante (36% a 19%) – a polêmica terapia é uma bandeira do bolsonarismo.

    Continua após a publicidade

    Cristãos americanos

    Nos Estados Unidos, durante o auge da pandemia, no governo do conservador Donald Trump, muitos líderes cristãos ajudaram a difundir mitos e conspirações de toda espécie sobre a vacina, como a de que ela era a marca da besta, ou que esterilizava mulheres, ou que introduzia um chip para controlar as pessoas – nessa última teoria, o líder da conspiração seria o magnata do setor de tecnologia Bill Gates, o que mostra que a estupidez antivacina não tem limites.

    Protesto contra a vacina nos EUA
    Protesto contra a vacina em Woodland Hills, na California, em maio de 2020, no início da pandemia (David McNew/Getty Images)

    “Somos antimáscara, antidistanciamento social e antivacina”, disse à Deutsche Welle o pastor Tony Spell, da Igreja Tabernáculo da Vida. “Quando eles dizem que maneira de curar a Covid-19 é com uma vacina, sou extremamente cauteloso. Essa é a marca da besta”, ecoou o rapper americano Kanye West, cristão conservador e de direita, em entrevista à Forbes.

    Continua após a publicidade

    No Brasil, alguns líderes religiosos também espalharam fake news sobre a cura da Covid-19, como o pastor Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus, que foi processado pelo Ministério Público Federal e multado por comercializar grãos de feijão que teriam o poder de curar a Covid-19 – o vídeo foi retirado do ar pela Justiça.

    Segundo relatório do Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato, evangélicos que atuam como missionários na Amazônia têm difundido teses conspiracionistas e fake news antivacina nas aldeias. De acordo com o Ministério da Saúde, em razão disso, alguns indígenas têm recusado a vacina – a taxa de mortalidade entre eles é sete vezes a da população em geral.

    Alguns dos principais líderes evangélicos brasileiros, no entanto, adotam uma postura bem diferente. O bispo Edir Macedo (Igreja Universal do Reino de Deus) e os apóstolos Sônia e Estevam Hernandes, da Igreja Renascer, por exemplo, se vacinaram recentemente contra a doença nos Estados Unidos, onde possuem residência.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.