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Maquiavel

Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Por que o triunfo em Fortaleza pode influenciar a luta pelo comando do PT

Gleisi Hoffmann fez aceno a deputado do Ceará que pode ser candidato a sucedê-la à frente da legenda a partir de 2025

Por Ramiro Brites Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 28 out 2024, 17h37 - Publicado em 28 out 2024, 17h07
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  • Para bom entendedor, a publicação no X da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, na noite de domingo, 27, para comemorar a única vitória do partido em capitais deixou um recado para o futuro da legenda. Ao celebrar a eleição de Evandro Leitão a prefeito de Fortaleza, a dirigente agradeceu às principais autoridades petistas do Ceará: o governador Elmano de Freitas, o ministro da Educação, Camilo Santana e… o deputado federal José Guimarães.

    Líder do governo na Câmara dos Deputados, mas com participação menos efetiva na campanha eleitoral do que Elmano e Camilo, Guimarães ganhou elogio de Gleisi por conta do contexto da disputa interna que se avizinha pelo comando do partido. A sucessão de Gleisi, marcada para junho de 2025, já começou nos bastidores, e o parlamentar do Ceará é um nome que vem sendo colocado para comandar a sigla.

    Há uma antiga reinvindicação de petistas do Nordeste por mais espaço no comando da legenda, já que a região tem obtido a maioria dos triunfos eleitorais recentes da sigla. No entanto, lideranças de São Paulo defendem que o prefeito de Araraquara, Edinho Silva, seja o próximo presidente do partido. “Como há um desejo do Nordeste de ter uma participação mais efetiva na direção nacional, é legítimo, até pelo peso político que eles têm em relação ao próprio PT. É uma região onde o PT tem as suas maiores vitórias”, disse Gleisi a VEJA.

    O argumento contrário ao apresentado pela dirigente é o de que o sucesso eleitoral não é um critério para ocupar a presidência do partido. Prova disso é a própria Gleisi. Presidente mais longeva da história do PT (ocupa o cargo desde julho de 2017), ela é filiada ao partido no Paraná, estado onde a legenda não alcança a maioria dos eleitores.

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    Nesta segunda-feira, 28, a Executiva Nacional se reúne para fazer um balanço das eleições municipais e já se imagina, nos bastidores, que iniciem as discussões sobre os rumos do partido, com vistas para 2026. Para além de nomes para liderar a sigla, uma discussão ideológica também está na mesa.

    Na entrevista que concedeu para a reportagem da capa da edição de VEJA que está nas bancas, Gleisi falou sobre as diferentes visões que estão em jogo nos debates sobre o futuro do partido, como a necessidade de a legenda abraçar mais o centro político. Além disso, negou que tenha sido convidada para fazer parte do governo e que a data das eleições internas seria adiantada para que ela pudesse ser incluída na reforma ministerial.

    Também afirmou que é “preciso ter clareza da questão programática” envolvendo o partido. “Quais são os desafios que o PT tem para se situar diante da nova realidade? As disputas que temos que fazer no novo mercado de trabalho, as novas formas de comunicação? Estamos falando de rede social, empreendedorismo, trabalho em plataforma, toda a variedade de trabalho informal. Como o partido se prepara para isso, já visando a eleição de 2026? Daí vai sair não só o novo presidente, mas também a nova direção do partido”, afirmou — leia aqui a entrevista publicada na revista.

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    Confira abaixo outros trechos da conversa da reportagem com Gleisi Hoffmann:

    A presidente do PT, Gleisi Hoffmann
    Dirigente do PT há sete anos, Gleisi Hoffmann comentou sobre os desafios do partido – (Alessandro Dantas/PT/Divulgação)

    O PT precisa se aproximar mais de partidos de centro? Acho que o partido tem que conservar suas posições históricas e mais importantes, fundamentais, que dão a cara ao PT, e ao mesmo tempo conversar com esses setores. Em 2022, já fizemos isso. Na realidade, a gente já fez uma aliança ao centro. Não só a aliança formal dos onze partidos que reunimos para apoiar Lula, mas também com setores do MDB, do PSD, do PSDB, que vieram apoiar desde o primeiro turno. Eram partidos que não tinham definição nacional, tinham liberado seus filiados porque tinham diferenças regionais. Mas setores desses partidos já estavam conosco. Talvez, o desafio agora é fazer com que eles estejam formalmente na aliança.

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    Já desde o primeiro turno, então, participando da coligação? Já desde o primeiro turno, exatamente.

    Sobre empreendedorismo, o PT teve uma resposta a isso com a criação do MEI, por exemplo. Não é suficiente para dialogar com esse público? Temos o microcrédito do Banco do Nordeste. Criamos o MEI. Muita coisa foi feita, mas acho que não nos apropriamos desses projetos, desses programas, enquanto um discurso do partido. Precisamos aprofundar isso e se apropriar. As pessoas querem empreender, querem ter oportunidade de ganhar mais, de fazer um negócio que possa ser mais rentável do que a carteira assinada, às vezes com um salário mais baixo. Temos que compreender isso. E eu acho que o Estado tem que dar oportunidade para essas pessoas empreenderem. Temos, claro, uma grande discussão que tem que ser feita com a sociedade, que é como vamos resolver a Previdência, porque essas pessoas vão envelhecer. Como é que é isso? Não podemos deixar as pessoas sem uma garantia de renda quando elas envelhecerem. Esse é o grande desafio da sociedade brasileira.

    Mas hoje há uma massa que parece não enxergar facilidades para crescer. Ainda que a macroeconomia vá bem, ela não vê resultado. Ou pelo menos isso não se transforma em voto. Temos que disputar mais politicamente na sociedade, mostrar o que estamos fazendo, tanto o PT quanto o governo. Tem muita coisa sendo feita, muitos resultados positivos e acho que o governo não está se apropriando disso, no sentido de mostrar para as pessoas que o que está acontecendo é por uma decisão política e por programas e ações do governo.

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