A Polícia Civil do Paraná concluiu nesta sexta-feira, 15, o inquérito que apurava o assassinato do militante do PT Marcelo Arruda a tiros por um simpatizante bolsonarista, Jorge Guaranho, em Foz do Iguaçu no sábado 9 e concluiu que não há como apontar que o crime foi político ou motivado por ódio.
Segundo a delegada Camila Cecconello, o que o inquérito mostrou é que houve sim uma primeira discussão motivada por divergências políticas — quando Guaranho foi até o local provocar Arruda, que comemorava o seu aniversário de 50 anos com um tema pró-Lula –, mas que não daria para concluir que esse foi o motivo do assassinato. “Nesse primeiro momento, fica muito claro que houve uma provocação e uma discussão em razão de opiniões políticas. Agora, quando ele retorna para casa e resolve voltar (ao local da festa, onde ocorreu o crime), não há prova nos autos suficientes de que ele voltou porque queria cometer um crime de ódio contra uma pessoa ou pessoas de outro partido político que não o dele”, disse.
A conclusão se baseia fundamentalmente no depoimento da esposa de Guaranho, cujo nome não foi divulgado. De acordo com ela, Guaranho voltou à festa porque queria revidar uma suposta humilhação sofrida na discussão com Arruda. “O que nós temos é o depoimento da esposa, que diz que ele alegou que ia voltar porque se sentiu humilhado porque a pessoa teria jogado pedras e terra dentro do carro e acertado a esposa e o filho dele”, afirma a delegada.
Segundo a delegada, essa motivação na volta ao local da discussão não foi política. “É difícil nós falarmos que há um crime de ódio, que ele matou pelo fato de a vítima ser petista. Segundo os depoimentos, que é o que a gente tem nos autos, ele voltou porque se sentiu ofendido com essa escalada da discussão, com esse acirramento da discussão entre os dois”, diz.
Guaranho será indiciado por homicídio qualificado por motivo torpe. Ele está internado na UTI porque foi baleado por Arruda durante o episódio. O inquérito agora será encaminhado ao Ministério Público, que pode apresentar a denúncia à Justiça ou pedir novas diligências.
A conclusão do inquérito da polícia paranaense deve aumentar a pressão da oposição para que o caso seja federalizado. Integrantes dos partidos que apoiam a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já foram ao procurador-geral da República, Augusto Aras, pedir que o crime seja levado à esfera federal — ou seja, transferido à Polícia Federal e à Justiça Federal.
Reportagem de VEJA desta semana mostra que uma das estratégias da oposição é tentar ligar o presidente Jair Bolsonaro (PL) ao acirramento da violência política no país. Guaranho teria chegado à festa onde matou Arruda dizendo “Aqui é Bolsonaro” e “Mito”.