PGR recupera e leva ao STF vídeo sobre as eleições que Bolsonaro apagou
Dois dias depois dos ataques do 8 de janeiro, ex-presidente republicou uma entrevista na qual procurador questiona o resultado das urnas em 2022
A Procuradoria-Geral da República (PGR) levou ao Supremo Tribunal Federal (STF) esta sexta-feira, 15, um laudo técnico que recupera um vídeo publicado e apagado por Jair Bolsonaro (PL), cujo conteúdo questionava a idoneidade das eleições de 2022, em que foi derrotado nas urnas. Foi por causa dessa publicação que, no começo do ano, a PGR pediu a investigação do ex-presidente por incitar a tentativa de golpe de estado do dia 8 de janeiro.
O conteúdo foi compartilhado no dia 10 de janeiro, dois dias depois de manifestantes bolsonaristas invadirem e depredarem as sedes dos Três Poderes em Brasília. O vídeo é uma entrevista do procurador do Estado do Mato Grosso do Sul, Felipe Marcelo Gimenez, a uma rádio. Ele afirma que o STF teria interferido no pleito para que Luiz Inácio Lula da Silva saísse vitorioso.
No dia 8 de janeiro, Bolsonaro e sua família estavam nos Estados Unidos, para onde foram antes mesmo do fim do seu mandato. Esse é um dos argumentos dele para afastar a acusação de que ele teria influenciado os ataques feitos por radicais em Brasília.
No dia 13 de janeiro a PGR solicitou à Meta, empresa que administra o Facebook, a recuperação do vídeo que foi apagado pelo ex-presidente. No entanto, a companhia disse que, quando recebeu o pedido, não era mais tecnicamente possível fazer essa diligência.
Diante da negativa, uma divisão técnica de dentro da PGR conseguiu recuperar o vídeo, que foi apresentado ao Supremo através de um relatório técnico. Esse documento serve como prova e pode embasar uma futura condenação do ex-presidente.
Cerco fechado
Fora das urnas até 2031 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro tem visto aos poucos o cerco se fechar ao seu redor. Desde que a sua gestão na Presidência da República se encerrou, várias investigações foram instauradas contra ele, familiares e assessores.
No começo do ano, a revelação do caso das joias sauditas colocou o ex-presidente como suspeito de coordenar um esquema internacional de venda de presentes recebidos em agendas oficiais. Meses mais tarde, ele também passou a ser investigado pela suposta fraude nos cartões de vacinação seu e de sua filha mais nova, Laura.
O STF possui outros inquéritos contra Bolsonaro: ele consta como investigado no caso das milícias digitais, na suposta interferência no comando da Polícia Federal (PF), no vazamento de dados sigilosos de procedimentos da Corte e dos próprios ministros e em um inquérito que apura a sua condução da pandemia da Covid-19. Em nenhum desses casos há denúncia criminal.