Contrariando o relatório de indiciamento da Polícia Federal (PF), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu nesta terça-feira, 23, que o inquérito que apura as fraudes nos cartões de vacinação de Jair Bolsonaro e sua filha mais nova, Laura, permaneça aberto para a realização de novas diligências. Uma delas é que se aguarde a resposta do Departamento de Justiça dos Estados Unidos sobre o eventual uso do documento falso em solo americano durante a passagem do ex-presidente por lá entre o final de 2022 e o começo de 2023.
“É relevante saber se algum certificado de vacinação foi apresentado por Jair Bolsonaro e pelos demais integrantes da comitiva presidencial, quando da entrada e permanência no território norte-americano. Ao menos seria de interesse apurar se havia, à época, norma no local de entrada da comitiva nos EUA impositiva para o ingresso no país da apresentação do certificado de vacina de todo estrangeiro”, disse Gonet na manifestação desta terça.
A Polícia Federal concluiu o inquérito da fraude nas vacinas em meados de março. O relatório de indiciamento (documento que aponta os crimes esclarecidos na investigação) diz que o ex-presidente, o ex-ajudante de ordens Mauro Cesar Barbosa Cid e outros catorze investigados cometeram os crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informação. O caso estava com vistas abertas para a Procuradoria-Geral da República (PGR), que poderia, se quisesse, oferecer denúncia criminal contra os investigados.
Outros investigados
Gonet também pediu a continuidade das investigações em relação a outros investigados no inquérito. Um dos pedidos da PGR é de que seja apresentado na investigação o resultado da quebra de sigilo telemático do celular do deputado Gutemberg Reis (MDB-RJ), suspeito de participar da cadeia de falsificação dos cartões de vacinação do ex-presidente e de ter providenciado o mesmo tipo de documento falso para membros da sua família.
De acordo com a manifestação desta terça, também não foram apresentados “os laudos periciais de informática e os relatórios de extração/análise de conteúdo da maioria dos dispositivos eletrônicos apreendidos nos autos”. Nos autos, há laudos de apenas três celulares apreendidos, de propriedade de Mauro Cid e da sua esposa, Gabriela Santiago Ribeiro Cid, e relatórios parciais dos aparelhos de Luis Marcos dos Reis, Ailton Gonçalves Moares Barros e Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva.
“Para a completa formação da opinio delict, é importante saber se existem diligências relevantes pendentes de cumprimento, que possam dar origem a novas provas sobre os fatos aqui investigados, mediante a captação de outros diálogos relevantes e a descoberta de vínculos ainda ocultos entre os investigados, ou se as demais extrações”, diz Gonet na manifestação.