Em reação ao anúncio de que o presidente Jair Bolsonaro deve descumprir a promessa de promover uma reestruturação das forças policiais da União, a Associação dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) anunciou que a categoria fará paralisações parciais e progressivas, entre outras medidas, em protesto contra o governo. As ações foram aprovadas em uma assembleia entre segunda e terça-feira, após o governo decidir por um reajuste linear de 5% para servidores federais em vez de aumentos para categorias específicas com quem vinha negociando.
Os delegados também aprovaram um pedido de renúncia do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres. Eles alegam que a solicitação é uma resposta ao “desprestígio e desrespeitoso tratamento dado pelo presidente da República à Polícia Federal e ao próprio ministro”. A entidade diz, ainda, que os delegados poderão entregar cargos de chefia e recusar convites para novas funções.
O calendário de paralisações ainda será definido por delegados e outras categorias da PF, e prevê mobilizações e ações de conscientização durante o expediente. A associação também fez duras críticas ao governo e fala em “um clima de revolta e insatisfação generalizada nunca antes visto entre os servidores da PF”. Entre os pontos problemáticos citados pela ADPF estão a falta de assistência a famílias de policiais mortos em serviço, redução real do salário, por causa do aumento da alíquota da contribuição previdenciária, trabalho em regime de sobreaviso não remunerado e diárias cujos valores não cobrem os gastos de policiais com hospedagem, alimentação e transporte, “tendo o servidor que custear o restante com o próprio salário”.
“É importante destacar que a segurança pública foi a maior bandeira de campanha do governo Bolsonaro e o destacado trabalho das forças de segurança vem sendo utilizado, indevidamente, pelo presidente como instrumento de marketing para a sua reeleição”, diz a ADPF.