A Polícia Federal de São Paulo confeccionou um laudo atestando a falsidade do documento médico que o ex-coach e ex-candidato à prefeitura paulistana Pablo Marçal (PRTB) divulgou nas vésperas do primeiro turno da campanha afirmando que seu adversário, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), teria sido internado em 2021 devido a um surto psicótico pelo uso de cocaína. O documento feito pela PF vai instruir a investigação a que Marçal responde na Justiça Eleitoral.
Na sexta-feira anterior à eleição, o ex-coach divulgou nas suas redes sociais um laudo falso, assinado por um médico já falecido e com especialidade em hematologia, afirmando que Boulos teria sido internado por abuso de cocaína. O número do RG do deputado está errado no documento e, na data da suposta “internação”, o psolista estava cumprindo outras agendas. O gesto custou a Marçal, pela segunda vez, as suas redes sociais e, na avaliação de aliados, uma vaga no segundo turno.
Marçal vai responder à Justiça em três frentes por conta desse laudo. Uma é na Justiça Eleitoral. A campanha de Boulos fez uma representação eleitoral contra o ex-coach e foi aberto um inquérito para apurar eventuais crimes eleitorais que foram cometidos. Quem faz as diligências deste caso é a Delegacia de Crimes de Defesa Institucional (Delinst) da Polícia Federal e, dependendo do rumo das investigações, Marçal pode ser condenado à inelegibilidade.
A outra frente é a Justiça comum. A campanha de Boulos também registrou um boletim de ocorrência e há um inquérito sobre o caso no 89º Distrito Policial de São Paulo. No Código Penal, há o crime específico de “falsidade de atestado médico”, cuja pena máxima é de um ano de prisão. A Polícia Civil já havia feito um laudo também dizendo que o atestado médico é falso. Além disso, Boulos pode propor uma ação penal privada acusando Marçal de calúnia, difamação ou injúria.
Por último, o laudo falso colocou Marçal na mira do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O magistrado determinou que o ex-coach se explicasse em 24 horas por ter usado o X — rede social que estava ainda suspensa na ocasião — para veicular o documento falso. O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, disse em uma coletiva que Marçal é investigado desde o começo de setembro por divulgar conteúdo antidemocrático.