O embargo chinês à carne brasileira, que já dura sete semanas, tem provocado uma queda de quase 50% nos embarques do produto ao exterior. Os dados são do Instituto Mato-Grossense da Carne (Imac), que ainda projeta perdas de receita da ordem de 1,4 bilhão de reais no mês de outubro com a suspensão das compras do maior consumidor dos derivados bovinos do Brasil.
No Brasil, a média diária de vendas de carne bovina para o exterior está no patamar de 21,8 milhões de dólares em outubro, uma redução de 36,7% (ou 12,6 milhões de dólares a menos por dia) em relação ao mesmo mês do ano passado).
Em volume, foram embarcadas 4,1 toneladas do produto por dia útil (redução de 48,6% em relação a outubro de 2020, quando saíram mais 8 toneladas de carna por dia).
Segundo as projeções do Imac, nesse ritmo, o mês deve fechar com faturamento de 436,5 milhões de dólares — ou cerca de 253 milhões de dólares a menos do que em relação ao mesmo período do ano passado — para 83,5 mil toneladas.
No Mato Grosso, que responde por cerca de um quinto do faturamento do setor, as perdas de receita são ainda maiores do que a média brasileira. O Imac projeta 83,72 milhões de dólares de vendas de carne para o exterior em outubro, 46,34% a menos que no mesmo período do ano passado.
Entenda
Conforme previsto por um acordo comercial com a China, o Brasil suspendeu a venda de carne ao país asiático em 3 de setembro depois de identificar dois casos de vaca louca em frigoríficos de Minas Gerais de Mato Grosso. Três dias depois, porém, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) concluiu tratar-se de casos isolados, sem risco para a cadeia de produção.
Apesar disso, a China manteve a suspensão e o embargo já dura 7 semanas. Do lado brasileiro, a ministra Tereza Cristina (Agricultura) se ofereceu para ir pessoalmente até Pequim e esperava ser chamada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para discutir a crise — mas não obteve qualquer resposta.
Especialistas e parlamentares creditam o embargo a uma retaliação de Pequim aos recentes ataques que partiram do governo brasileiro à China — inclusive pelo próprio Bolsonaro. Mas há também questões comerciais e uma intenção dos compradores chines em negociar o preço em valores mais baixos, já que a alta demanda elevou em 42% o valor da tonelada da carne bovina, que chegou a ser negociada em 5.819 dólares na primeira semana de setembro.